As alianças para a disputa das eleições proporcionais são, geralmente, cercadas de desconfiança entre os partidos e, principalmente, entre os candidatos. Não há nada de ideológico nisso. Devido ao complexo quociente eleitoral, às vezes não adianta ser bem votado para conseguir um mandato e, por isso, os candidatos fortes acabam dependendo de nomes menos conhecidos para alcançar uma cadeira no Poder Legislativo. Em alguns casos, as coligações contam com mais dúvidas do que com certezas.
Na coligação em torno da candidatura de Rodrigo Rollemberg (PSB) ao Buriti, quase todos os partidos saem juntos para distrital, com exceção do PSD. Além do PSB, o PDT e o Solidariedade (SDD) tentarão cadeiras na Câmara Legislativa em conjunto. A meta é ambiciosa, ter cinco distritais. Mesmo assim, ainda paira a desconfiança na nominata.
Aos deputados da chapa, Joe Valle e Celina Leão, ambos do PDT, se junta Sandra Faraj, que na última eleição teve 11.091 votos, pelo PSDB. Pastora, ela só não foi eleita porque o quociente eleitoral não permitiu. Até então no PSB, Valle teve 13.876, enquanto Celina foi a deputada eleita menos votada, com 7.771 votos, na coligação formada por PP e PMN.
O presidente regional do PSB, Marcos Dantas, minimiza a concorrência e se diz confiante em um bom resultado. A conta é simples. Em 2010, 17 candidatos do partido, que também se lançarão este ano, conseguiram juntos 42 mil votos. A eles, se juntam os “medalhões”, que podem alcançar um resultado expressivo. “Está todo mundo brigando. Quem quer ter mandato não pode temer ninguém”, afirmou. Dantas também acredita que a presença de Marina Silva, representando a Rede Sustentabilidade na coligação, também pode alavancar os votos para distrital, como ocorreu em 2010, no PV.
A disputa interna é vista, por Joe Valle, como uma realidade do sistema político brasileiro. O parlamentar admite que haverá, sim, uma luta pelos votos e já avisa que fará uma campanha sem tantos recursos financeiros. “Foi uma decisão dos líderes dos partidos. Isso desestimula alguns candidatos. Se os partidos entrassem na eleição sozinhos, haveria uma chance maior de eleger mais deputados. Infelizmente, é uma lógica perversa, onde os nossos concorrentes estão dentro do nosso partido, da nossa coligação”, lamentou.
Os solitários
Para evitar a tal disputa interna, o PSD decidiu sair sozinho. O presidente Rogério Rosso explica a decisão como forma de promover os quadros e, claro, não ter que bater de frente com quem tem mandato e votos consolidados. “Não estamos coligados porque nossos candidatos são novos, nunca participaram de eleições e isso nos permite uma disputa equilibrada”, disse.
Ponto de vista
Para o deputado distrital Wasny de Roure (PT), presidente da Câmara Legislativa e candidato à reeleição, não existe disputa interna com os companheiros de partido ou preocupação em perder votos para os candidatos do PP. “Não me vejo disputando votos com eles. Não sou uma pessoa que faz política só pensando em mim, mas, sim, no todo. Não podemos levar em conta apenas a nossa vontade. É necessário pensar principalmente no projeto do partido, acima de tudo. Estamos comprometidos com a reeleição do governador Agnelo Queiroz”, opinou o distrital.