Acima, Rômulo desenhou uma espécie de planta da casa para explicar à polícia como agiu durante o crime. Ao lado, troca de mensagens entre o acusado e o irmão mais velho das vítimas: encontro marcado para pagar parte de dívida |
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Os cartazes colocados na tarde de terça-feira (13/5) nas grades da frente da casa 34, Conjunto M, QNM 7, em Ceilândia Sul, falam de dor, tristeza, mas expressam principalmente saudade. Os olhos das pessoas que os colocaram ainda estão vermelhos, e as mãos, trêmulas. Os vizinhos do casal de irmãos mortos na noite de segunda-feira, asfixiados pela fumaça de um incêndio criminoso, perguntam por quê. O que levou um jovem de 21 anos, aparentemente pacífico e sem antecedente criminal a colocar fogo em uma casa e deixar duas crianças presas lá dentro para morrer? O suspeito, frio, não expressou qualquer tipo de arrependimento no depoimento, em que deu como explicação uma dívida entre R$ 40 e R$ 60, motivo colocado sob suspeita pela Polícia Civil. Enquanto era ouvido, não chorou ou se emocionou. Apenas descreveu o crime hediondo que cometeu.
Na tarde de segunda-feira, Márcia Machado da Silva, 43 anos, saiu em direção à igreja evangélica que frequenta na vizinhança. Os dois filhos mais jovens, Drielly e João Guilherme da Silva Santos, respectivamente de 13 e 9 anos, ficaram na residência. Por volta das 16 horas, alguém chamou lá fora. O menino foi ver quem era e encontrou Rômulo Sebastião Nascimento de Souza, 21, artesão que sempre andava com Marcos Paulo, irmão mais velho das crianças. Ele havia ido ao local mais cedo. Pediu para que João Guilherme o deixasse entrar, pois queria pegar algo que havia esquecido. Inocentemente, o garoto atendeu. O portão foi aberto, o artesão entrou e mudou para sempre a história daquela família. E da pior maneira possível.
Rômulo era conhecido da família. Trocava mensagens com o irmão mais velho das crianças. Há poucos dias ele tinha dormido na casa da família, onde havia negociado artesanatos com o amigo. O valor acertado seria entre R$ 140 e R$ 160, e Marcos Paulo pagaria posteriormente. Na tarde daquela segunda, Rômulo foi à casa da família para receber parte do dinheiro. O amigo lhe deu R$ 100, e o artesão aceitou que o resto fosse pago depois.
Por volta das 13h40, as câmeras da casa em frente filmaram os dois saindo juntos, normalmente. Rômulo empurrava uma mala sobre um carrinho de feira. Enquanto o amigo foi trabalhar, o artesão ficou pelas ruas, arquitetando uma maneira de voltar à residência da família Santos para pegar alguns objetos que tinha visto. Escolheu um horário que a mãe, Márcia, estaria fora, em orações na igreja. Pensou que os dois filhos menores não ofereceriam resistência. Assim, bateu palmas no portão.