Orlando Pontes
“Não quero voltar. Meu objetivo é caminhar pra frente”. Foi assim que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), de 76 anos, respondeu ao presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), José Aparecido Freire, porque está tão decidido a concorrer a presidente da República em 2026.
Diante da avaliação de Aparecido de que Caiado teria uma eleição tranquila ao Senado, juntamente com sua esposa Gracinha, além de fazer o vice Daniel Vilela (MDB) seu sucessor no Palácio das Esmeraldas, o governador contou que, em 1989, quando disputou a primeira eleição presidencial após os 20 anos de ditadura militar, contrariou seu pai, Edenval Ramos Caiado.
“Ele disse que era muita pretensão eu querer ser presidente da República sem nenhum cabelo branco na cabeça. E eu desobedeci. Agora, o que não me faltam são cabelos brancos e muita experiência”, emendou o governador para uma plateia de 80 convidados durante o encontro promovido pelo Lide Brasília, na quarta-feira (22), que reuniu empresários, autoridades e lideranças para debater políticas públicas voltadas ao ambiente de negócios e ao desenvolvimento econômico do País.
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O goiano também não se rendeu ao argumento de outro convidado do almoço, no Royal Tulip Alvorada Hotel, de que seria mais coerente a oposição ao presidente Lula (PT) se unir já no primeiro turno.
“Defendo a pluralidade de candidaturas. Aí, quem passar para o segundo turno contará com o apoio dos outros”, retrucou o governador. Seu raciocínio é de que um só nome pode não alcançar o eleitorado de todas as regiões do País. E a mensagem chegará com mais eficácia quando a disputa se polarizar apenas entre a situação e a oposição. “Se a disputa ocorrer já no primeiro turno, o favorecido será o Lula, que sabe usar muito bem a máquina governamental”.
SEGURANÇA – Elogiado pelo presidente do Lide Brasília, Paulo Octávio, 75 anos, que foi deputado federal ao seu lado na década de 1990 pelo extinto PFL, Caiado colheu promessas de apoio da maioria dos convidados, que o aplaudiram após a palestra em que detalhou os avanços obtidos pelo estado de Goiás nos últimos seis anos sob sua gestão.
Caiado: “Não quero voltar. Meu objetivo é caminhar para frente” – Foto: Orlando Pontes
“Buscamos sempre a eficiência e a transparência. A segurança pública, para nós, é uma política transversal. Num ambiente seguro, o empresariado tem tranquilidade para investir e o cidadão comum não se sente refém dos criminosos. E assim tudo transcorre de forma mais tranquila”, disse ele, sem se esquecer de repetir o bordão “em Goiás, ou o bandido muda de profissão ou muda de estado”.
Presidente do Lide Brasília Mulher, a empresária Janine Brito garantiu que já está decidida a votar em Caiado no próximo ano. Como proprietária de fazendas em Goiás, questionou o governador sobre suas propostas para o agronegócio. Ele explicou que o maior desafio é o Seguro Rural, mas sem se descuidar da garantia à propriedade privada. “No meu governo não existe a palavra ‘invasão’. O direito à propriedade e à segurança jurídica é sagrado”.
ENTORNO – O deputado distrital Jorge Viana, do PSD, mesmo partido de Paulo Octávio, mostrou preocupação com o preço das passagens de ônibus entre o Distrito Federal e as cidades goianas do Entorno. Caiado lembrou que, desde que assumiu o governo, há mais de seis anos, a tarifa técnica entre Goiânia e as cidades da região metropolitana da capital estão congeladas em R$ 4,30. E que não conseguiu fazer o mesmo no Entorno de Brasília porque o governo federal, por meio da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), não aceitou dividir o subsídio com Goiás e o DF.
André Kubitschek (PSD), filho de Paulo Octávio recém-nomeado secretário da Juventude do GDF, quis saber quais seriam as três primeiras ações de Caiado como presidente da República. “Anistia geral e irrestrita, classificar como terroristas integrantes de facções criminosas e um pacto federativo entre os três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário”.
Celina Leão: “Brasil precisa de um Estado mais enxuto e eficiente” – Foto: Orlando Pontes
Última a saudar o palestrante, a vice-governadora do DF, Celina Leão (PP), que chegou de uma viagem a São Paulo e foi direto para o Royal Tulip, chamou Caiado de “correligionário” (seu partido formou uma federação com o União Brasil). “Homens e mulheres públicos podem mudar cenários pela força da gestão. O Brasil precisa de um Estado mais enxuto e eficiente e de pessoas honestas e capacitadas em seu comando”, afirmou a pré-candidata à sucessão de Ibaneis Rocha em 2026.