A artista visual e educadora brasiliense Júlia dos Santos Baptista apresenta, de 24 de outubro a 23 de novembro, no Museu da República, a exposição “Brasília: mensagens monumentais”. O projeto convida o público a repensar o papel dos monumentos urbanos a partir do olhar de crianças das comunidades periféricas do Distrito Federal em diálogo com obras autorais. As visitas serão de terça a domingo, das 9h às 18h30.
O projeto foi desenvolvido nas regiões administrativas onde, geralmente, existe pouco ou nenhum acesso aos monumentos da capital. Após a aula sobre o patrimônio arquitetônico, em que Júlia utilizou seus quadros como exemplo e compartilhou sua experiência como artista, convidou os alunos a criar um monumento para suas cidades, colocando-os no papel de artistas e arquitetos.
A mostra propõe reflexōes radicais e sensíveis da monumentalidade de Brasília. “Para muitas dessas crianças, o Eixo Monumental é tão abstrato quanto uma cidade estrangeira. Brasília é recriada a partir do olhar delas, onde o monumental se redefine em função de suas necessidades, sonhos e realidades cotidianas”, afirma Júlia, que nasceu no Nucleo Bandeirante (invasão da Vila do IAPI) e atualmente vive e trabalha em Amsterdã, na Holanda, e em Brasília.
As oficinas são realizadas anualmente com estudantes de escolas públicas em cidades como Ceilândia, Estrutural e Riacho Fundo. O projeto voluntário já atendeu cerca de 8 mil alunos. As obras expostas, que vão muito além de simples desenhos, expressam visões singulares de mundo: árvores que frutificam barras de chocolate, caixa de dinheiro infinito que lembra a obra de Marc Rothko, cavernas de frutas vermelhas, obeliscos habitados por animais, criações que traduzem desejos urgentes por abundância, segurança, afeto, pertencimento e conexão com a natureza.
APROPRIAÇÃO – “Brasília é um museu a céu aberto. Mas, o que esses monumentos representam para as novas gerações periféricas?”, questiona Júlia. Ao provocar essa reflexão nas oficinas, ela propõe um deslocamento: do monumento impositivo ao espaço simbólico de troca, imaginação e pertencimento. “Elas não querem apenas contemplar. Querem interagir, brincar, se apropriar. Isso nos obriga a repensar o papel do monumento no espaço urbano”.
Autorretrato de Júlia. Foto: Divulgação
Mais do que uma celebração, “Brasília: mensagens monumentais” é um convite à escuta. As crianças, protagonistas da mostra, oferecem visões de um futuro possível onde a monumentalidade nasce do coletivo, do afeto e da imaginação. “Brasília pode, e deve, ser vivida a partir das vozes que a habitam”, conclui Júlia.
Mais informações:
www.juliadossantosbaptista.com
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