Ana Clara Mendonça
O administrador de Águas Claras, Gilvando Galdino, anunciou segunda-feira (4), que a regional concedeu 20 licenças a ambulantes da cidade. Os pontos de atuação são fixos e não podem ser alterados, como forma de, segundo ele, “garantir organização, evitar disputas por espaço e melhorar o funcionamento das atividades comerciais”.
De acordo com Galdino, atualmente existem ao menos 300 ambulantes atuando em Águas Claras, o que indica que mais de 93% deles seguem sem regularização para trabalhar. Em publicação no Instagram, Galdino informou que mesmo os trabalhadores que já possuíam autorização precisam reapresentar os documentos para o recadastramento e a definição do ponto fixo de trabalho.
No dia 23 de julho, foi publicado no Diário Oficial do DF a ordem de serviço nº 38/2025 que trata “da reorganização das autorizações para o exercício do comércio ambulante na região e revoga todas as licenças, alvarás e autorizações anteriormente emitidas para essa finalidade, com ou sem ponto fixo”. A norma gerou reações negativas.
PRECONCEITO – O pronunciamento do administrador ocorre após a repercussão de reportagens do Brasília Capital e vídeos publicados nas redes sociais do jornal mostrando a indignação dos ambulantes e dos moradores. Gildásio Alves, 53 anos, conhecido como “Seu Zé”, afirma ter sido vítima de preconceito por parte do administrador. Morador de Ceilândia, ele vende frutas e legumes na Avenida Jequitibá e contou ter se sentido discriminado por Galdino. “Ele veio aqui e perguntou onde eu morava. Depois, disse que Águas Claras é uma cidade sofisticada, só para pessoas de alto padrão. Fiquei muito triste, ele não deveria desprezar a gente dessa maneira”, relatou o vendedor.
O administrador nega que a declaração tenha viés preconceituoso e afirma que o problema é a permanência do veículo de Gildásio em uma vaga preferencial do estacionamento. O carro estaria em condições precárias e ocupando o espaço de forma indevida. “Quando eu falei que ele tinha que tirar, ele disse que não conseguiria, porque é muito difícil levar esse carro até a Ceilândia e voltar. Não queremos prejudicar ninguém, só queremos proteger o estacionamento público e a acessibilidade”, disse, sem comentar as dificuldades apontadas pelos ambulantes para conseguir a autorização.
TAPUMES – Outra denúncia envolve o uso de áreas públicas por tapumes de construções. Questionado, o administrador afirmou que a autorização para uso dessas estruturas não é de sua competência. O engenheiro Matheus Pegoré, responsável pelo acompanhamento das obras em Águas Claras, esclareceu que a liberação é feita pela Central de Aprovação de Projetos (CAP), da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh).
Segundo Gilvando, a administração acompanha a execução das obras, mas não tem poder para conceder ou barrar as estruturas. “Ambulante é uma coisa, obra é outra. Os ambulantes são nossa responsabilidade. As obras ficam a cargo da Seduh”, finalizou o administrador.