O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Viana, considera que a população já sente a redução da inflação no dia a dia, principalmente, nos preços de alimentos. Para ele, já é possível sentir “certo alívio”, com aumento do poder de compra dos trabalhadores. Viana apresentou hoje (22), em Brasília, o Relatório de Inflação do quarto trimestre do ano.
No documento, o BC projeta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 6,5%, no limite da meta de inflação para 2016. A nova estimativa está 0,1 ponto percentual abaixo da divulgada em setembro (6,6%).
A meta de inflação tem como centro 4,5% e limite superior de 6,5% neste ano. Para 2017, o teto é 6%, mas a projeção do BC indica inflação no centro da meta (4,5%). A estimativa para 2017 é 4,4%. Em 2018, a expectativa é de inflação ainda mais baixa: 3,6%.
Preços administrados
A projeção para a variação do conjunto dos preços administrados é de 5,6% para 2016, ante 5,5% previstos em novembro pelo BC. Para fazer essa projeção o BC considerou o reajuste médio de 9,4% nas tarifas de ônibus urbano e redução de 10,4% nos preços da energia elétrica.
Para 2017, a estimativa é de 6%, ante a projeção de 5,9% de novembro. Entre outros fatores,
essa projeção considera reajuste médio de 4,8% nas tarifas de ônibus urbano e de 6,9% nos preços da energia elétrica.
Para 2018, a projeção é 5,2%, ante 5,3% previstos em novembro
Viana disse que o BC foi surpreendido positivamente com as taxas de inflação. “Claramente passamos a ter um comportamento mais favorável da inflação de alimentos. Mas a melhora recente vai um pouco além dos alimentos. Temos um processo de desinflação um pouco mais difundido”, afirmou.
O diretor do Banco Central acrescentou que as projeções divulgadas hoje pelo BC não contemplam a prévia do IPCA divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IPCA-15 fechou o ano com taxa de 6,58%, inferior aos 10,71% do ano e está próxima do teto da meta de inflação.
Viana disse, também, que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, responsável por definir a taxa básica de juros, vai analisar o resultado “com toda calma” para tomar sua decisão nos dias 10 e 11 de janeiro de 2017.
“O indicador vai se incorporado ao conjunto de informações que o Copom considera nas suas reuniões. Sinto muito jogar um balde de água fria, mas não tenho nada a dizer sobre o IPCA-15”, acrescentou.
Diante da recessão econômica e da melhora na inflação, o Banco Central tem sinalizado que pode intensificar o corte da taxa básica de juros, a Selic. Nas suas duas últimas decisões, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual. Atualmente, a taxa está em 13,75% ao ano.
Para as instituições financeiras, a Selic encerrará 2017 em 10,50% ao ano. A Selic é um dos instrumentos usados para influenciar a atividade econômica e, consequentemente, a inflação. Quando o Copom aumenta a Selic, a meta é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Já quando o Copom diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação.
Reformas
O diretor do Banco Central, Carlos Viana, disse ainda que as reformas estruturais das contas públicas são relevantes e consideradas nas projeções do BC. Ele citou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos e a reforma da Previdência como questões de “primeira ordem”.
Para Viana, a reforma da previdência deve tramitar no Congresso Nacional de forma mais lenta do que a PEC do Teto dos Gastos Públicos porque envolve maior debate com a sociedade. “A PEC dos Gastos tramitou mais rapidamente e passou de maneira mais integral”, disse.
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