Mudam-se os atores, mas o espetáculo é o mesmo. A redução de 31 para 21 ministérios pelo governo de Michel Temer não escondeu a manutenção da “velha política”. A nova configuração da Esplanada terá velhos conhecidos. A equipe teve poucas mudanças. Nove nomes do primeiro escalão já compuseram o governo Lula ou trabalharam com Dilma Rousseff. E vários já tiveram passagem por gestões anteriores, entre elas a de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), cujo partido derrotado na campanha de 2014 pelo PT.
O núcleo duro do governo Michel Temer é formado por Eliseu Padilha (PMDB-RS), na Casa Civil, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) na Secretaria de Governo, e Moreira Franco (PMDB-RJ), na Secretaria Especial para investimentos ligados à Presidência. De novidade, nada. Volta ao posto Henrique Alves (PMDB), que chefiou a pasta do Turismo e se licenciou do cargo após o desembarque de seu partido do governo Dilma.
O chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, até dezembro de 2015 fez parte da equipe do segundo mandato de Dilma, na Aviação Civil. Na articulação política do governo, Geddel já ocupou dois cargos nos governos Lula e Dilma. Em 2007 foi nomeado ministro da Integração Nacional. Em 2011, foi para a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal.
Moreira Franco também conseguiu dois cargos nos governos petistas: ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, de março de 2013 a janeiro de 2015, e da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, de janeiro de 2011 a março de 2013. A interlocução entre o Planalto e o Congresso ficará a cargo de Romero Jucá (PMDB-RR), ex-ministro da Previdência Social, em 2005, durante o primeiro mandato de Lula ex-líder do governo no Senado em 2006 e 2011.
Salvação Nacional
Para que a máxima “salvação nacional”, adotado pelos novos governistas, se torne realidade, as mudanças passam pela economia. A aposta é em Henrique Meirelles na Fazenda, com a autonomia de ter escolhido os comandantes do Banco Central, Ilan Goldfajn, e do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida. Meirelles comandou o BC nos dois governos Lula. E, a convite de Dilma, assumiu o Conselho Público Olímpico para coordenar os investimentos para a realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, onde permaneceu até 2014.
Gilberto Kassab (PSD-SP) e Ricardo Barros (PP-RS) também ocuparam cargos na gestão da recém-afastada presidente da República. Kassab foi nomeado ministro de Cidades e deixou a pasta em 15 de abril. Agora ocupa o ministério de Ciência, Tecnologia e Comunicações. Barros ocupou a Secretaria da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul até março de 2014. Hoje é ministro da Saúde. O último a ser anunciado foi Helder Barbalho (PMDB-PA), que vai comandar o ministério da Integração Nacional. O filho de Jader já esteve à frente da Pesca e Aquicultura, em 2015.
A facilidade com que foi feita a ampla coalizão que tirou Dilma da presidência vai se refletir na hora de contemplar os correligionários. O PMDB vai ter de dividir o poder com partidos que apoiaram a coligação do PT para as eleições de 2014, como PSD, PP e PRB. Além de siglas da oposição, como PSDB e DEM.
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