Quem convive com a rotina diária de se locomover de ônibus pelas ruas de Salvador certamente tem alguma história para contar sobre o que já viu e viveu dentro de um buzú (gíria usada pelos soteropolitanos para se referir a este meio de transporte. Antes da pandemia de covid-19, a estimativa da Secretaria Municipal de Mobilidade era de 1,3 milhão de passageiros diários nas linhas urbanas da cidade. Gente que, entre o sobe e desce das estações, deixa um pouco de sua história no buzú.
Esse vai e vem é um terreno fértil para narrativas protagonizadas por pessoas comuns, mas que parecem personagens de livro – e agora o são. O jornalista, escritor e poeta Clarindo Silva criou uma obra para registrar as histórias que testemunhou, como ouvinte, dentro de ônibus.
Conversa de Buzú reúne 50 pequenas crônicas que relatam desde histórias cômicas até tragédias. Na obra, a segunda da trajetória literária de Clarindo, o autor conduz o leitor pelas vivências de personagens pouco reservados, que expõem sua privacidade durante as viagens pela cidade. Com os ouvidos treinados nos tempos em que era repórter policial, e com o olhar apurado para o que pode render uma boa história, Clarindo captou as nuances de enredos dignos de novela.
O livro fala sobre aventuras reveladas sem escrúpulos pelos passageiros, e que dão força ao termo “coletivo”, já que as histórias, quase sempre particulares, transformam usuários em espectadores. Para tornar os diálogos mais verossímeis, Clarindo Silva preserva a linguagem típica do baiano, mas garante o anonimato dos personagens.
A publicação conta com ilustrações do artista plástico e designer gráfico Lucas Batatinha, dando mais vida às saborosas crônicas de Mestre Calá, como Clarindo também é conhecido pelos amigos.
O projeto – Conversa de Buzú foi viabilizado com o apoio financeiro do estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural (Programa Aldir Blanc Bahia), via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo do Governo Federal. Na primeira edição, a obra terá uma tiragem de 1.000 exemplares, sendo uma parte doada para o acervo de bibliotecas e escolas públicas de Salvador. O projeto prevê ainda a edição do livro em versão e-book e a produção de um vídeo-performance, baseado na poética do livro, apresentando como protagonista da narrativa o autor da obra.
O autor – Clarindo Silva tem sua trajetória no campo da escrita iniciada há mais de cinquenta anos, quando atuou como repórter policial nos jornais A Tarde, Jornal da Bahia e Tribuna da Bahia. Com o tempo, migrou para a literatura, em textos publicados no Jornal do Centro Histórico e nos informativos da Associação de Comerciantes do Centro Histórico de Salvador (Acopelô), da qual foi presidente em duas gestões.
Desde 1971 está à frente da Cantina da Lua, um dos restaurantes mais tradicionais do Centro Histórico de Salvador. A atuação como gestor do estabelecimento e sua luta pela preservação e valorização do Pelourinho fez de Clarindo uma das figuras mais influentes da Bahia, levando-o a receber as mais relevantes honrarias oferecidas pela Câmara Municipal de Salvador, como a Comenda Maria Quitéria, a Medalha Thomé de Souza, a Medalha Zumbi dos Palmares e o título de Cidadão da Cidade de Salvador.
Após dezessete anos do lançamento da primeira edição do livro Memórias da Cantina da Lua, Clarindo lança sua segunda produção literária. Sai a conversa de botequim e entra a Conversa de Buzú.
SERVIÇO
Livro: Conversa de Buzú – Clarindo Silva
Valor: R$ 30 (livro físico) e R$ 15 (e-book)
Disponível no site www.conversadebuzu.com