Relatório recém divulgado pelo Banco Mundial revela que o PIB da Indonésia em 2018 – pelo critério de Paridade do Poder de Compra (PPC) – superou o brasileiro, sendo que, há dez anos, o PIB brasileiro equivalia a quase o dobro do indonésio. O país é uma nação multiétnica e majoritariamente islâmica, quarta mais populosa do mundo, com 273 milhões de habitantes (61 milhões a mais que o Brasil, o equivalente a uma Itália), sendo que sua capital, Jacarta, forma, com Bandung, a terceira maior megalópole do planeta, com 45 milhões de habitantes.
Sua milenar e rica cultura malaia/hindu/chinesa foi, por 350 anos, violentada pelo brutal colonialismo holandês, seguido por breve ocupação japonesa na 2ª Guerra. Após a independência, em 1949, conduzida por Sukarno, deposto em 1965 pelo general Suharto, num golpe militar promovido pelo “guardião da democracia” (os EUA), massacrando mais de 1 milhão de opositores socialistas e comunistas, e instituindo uma ditadura sanguinária por 33 anos.
Após a crise econômica asiática de 1997/98, que abalou e derrubou Suharto, o país, estimulado por forte afluxo de capitais chineses, experimentou duas décadas de acelerado crescimento econômico, o que o fez entrar no rol das dez maiores economias industriais do planeta, processo, entretanto, acompanhado pelo agravamento dos problemas sociais e ambientais, como ocorre nas demais economias subdesenvolvidas.
Mas Indonésia é apenas mais um país a ultrapassar o Brasil, nos últimos dez anos, em termos de PIB, numa longa trajetória de idas e vindas. Vejamos: no fim da década de 1970, os 16 anos de ditadura militar fizeram o “bolo” crescer (mas não distribuído), e o Brasil de Geisel suplantou várias economias centrais (Itália, Canadá, etc), aparecendo como o 8ª maior PIB do mundo, pelo critério de PIB nominal, superado apenas por EUA, URSS, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e China.
Após os governos Figueiredo, Sarney, Collor/Itamar e FHC, e os pífios desempenhos econômicos das duas “décadas perdidas” de 1980 e de 1990, o Brasil foi ultrapassado por oito países (Itália, Canadá, Espanha, Austrália, Coréia do Sul, Índia, México e Holanda) e se tornou apenas a 16ª economia do planeta.
A década de 2000, contudo, foi de forte recuperação econômica do Brasil, fato que, associado a dificuldades dos demais países (desdobramentos da crise de 1997/98 e crise de 2007/8), nos levou a superar um a um e a brigar com o Reino Unido e França pelo posto de 5º maior economia do planeta.
A partir daí começa uma nova derrocada, questão que será abordada no próximo artigo.
(*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável (UnB), ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia