A cada sete minutos, em algum lugar do mundo, uma criança ou um adolescente de 10 a 19 anos é assassinado. Em 2015, 82 mil meninos e meninas nessa faixa etária foram mortos. Desse total, a América Latina e o Caribe dão conta de 24,5 mil. As pesquisas sobre o tema mostram que, geralmente, esses jovens também são os atingidos pela exclusão escolar.
No Distrito Federal, 97,15% dos professores da rede pública de ensino já presenciaram algum tipo de violência, e 57,17% deles já foram vítimas dessa violência. Também 96,36% dos (as) professores (as) já presenciaram atos de violência entre estudantes.
Os dados são inéditos e fazem parte de uma pesquisa encomendada pelo Sinpro-DF e pela realizada Metro Pesquisa, com 1.355 professores (as), que responderam questões pelo formulário disponível no site do sindicato e por e-mail, no período de 4 de dezembro de 2017 a 21 de março de 2018.
Com a ideia de retirar a violência da invisibilidade e intitulada Violência nas Escolas, a pesquisa faz parte da luta do sindicato por melhores condições de trabalho e por uma sociedade mais justa.
Não é de agora a preocupação da diretoria colegiada do Sinpro-DF com as condições de violência nas escolas do DF. Tanto é que, em 2008, lançou a campanha permanente “Quem bate na escola maltrata muita gente”.
Essa campanha realiza um concurso de redação anual que premia estudantes e professores que apresentam as melhores redações ou desenhos sobre a temática do ano. Em 2017, véspera do ano que a campanha completa 10 anos, a diretoria decidiu verificar a situação e realizou a pesquisa.
Os dados da violência estão neste documento inédito intitulado Violência nas escolas públicas do Distrito Federal (link no final da matéria). “Além de integrar a campanha ‘Quem bate na escola maltrata muita gente’, a pesquisa é um termômetro para mostrar o fiasco que é a política de choque de gestão e de Estado mínimo adotado pelo atual Governo do Distrito Federal (GDF) e que a redução drástica de investimento de dinheiro público na educação, na saúde e na segurança é a causa do recrudescimento do número de atos violentos dentro das escolas, do aumento da evasão escolar e do adoecimento da categoria”, afirma Rosilene Corrêa, diretora do Sinpro-DF.
Ela assegura que essa violência afeta a categoria e transforma o ambiente escolar em local sem condições de trabalho. “O sindicato luta contra isso em várias frentes de combate. Esse ambiente contaminado é falta de condições de trabalho. Daí uma das frentes ser a nossa Pauta de Reivindicações. Outra é o incentivo que o sindicato dá aos projetos das escolas, quer seja no âmbito da política pedagógica e de pais, quer seja cobrando de quem é responsável pela elaboração e aplicação de políticas públicas. Apoia também as escolas a desenvolverem projetos que não têm subsídio da Secretaria de Educação e que ficam muito na responsabilidade da própria escola”, informa.
A diretora diz que esse adoecimento da categoria tem chamado muita atenção da diretoria. “E isso é pauta nossa com o governo, porque grande parte desse adoecimento é emocional, porque o ambiente da escola favorece muito para isso. A violência, esse clima de insegurança que se vive na escola hoje, de ameaça, é claro que influencia muito para isso. A gente não precisa de muitas pesquisas para saber”, explica.