Pelo menos 21.500 pessoas aguardam para fazer exames de endoscopia digestiva alta (EDA) e baixa (EDB) na rede pública de saúde do Distrito Federal. Outras 5 mil estão na fila de espera há mais de dois anos. O levantamento é do Tribunal de Contas do DF, que está fiscalizando a prestação de serviços de endoscopia pelo GDF e verificou que a oferta é insuficiente para atender a demanda.
Os auditores visitaram o Hospital de Base do DF na terça-feira (27) para verificar o serviço prestado. A inspeção faz parte de uma auditoria operacional realizada pelo TCDF na Secretaria de Saúde e no Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (IGES/DF). As endoscopias são fundamentais para detecção de alterações e doenças no esôfago, no estômago, no duodeno e no intestino.
Déficit – Entre os problemas apontados pelos técnicos do TCDF para o crescimento significativo na fila de espera estão o déficit na oferta de profissionais capacitados; a falta de equipamentos necessários; a ausência de salas aptas; e a falta de medicamentos e insumos para realizar os exames endoscópicos no DF.
E a perspectiva é que a fila cresça ainda mais, porque existe um alto percentual de exames agendados e não realizados. “Não há uma orientação correta sobre os exames. Muito pacientes chegam aqui e não podem fazer a endoscopia porque não fizeram o preparo adequado e há um desperdício”, aponta o relator do processo, conselheiro Renato Rainha.
A apuração feita pelo corpo técnico do TCDF revela que, de janeiro a novembro de 2022, foram agendadas 7.102 Endoscopias Digestivas Altas, e apenas 4.028 exames foram realizados (56,7% do previsto). Nas Endoscopias Digestivas Baixas, conhecidas como colonoscopias, houve um aumento de 65% da demanda reprimida, de 3.090 pedidos em janeiro de 2022 para 5.108 em novembro. Nesse período, foram agendados apenas 6.220 exames. E desses, apenas 2.911 foram realizados (46,8% das marcações feitas).
A auditoria do TCDF apontou sobrecarga nos hospitais da rede pública de saúde local que ofertam esse tipo de exame e ressaltou que a morosidade na realização das endoscopias pode implicar em piora significativa na situação de saúde do paciente. O relatório dos auditores também sinaliza o aumento de ações judiciais contra a SES-DF pleiteando exames de endoscopia.
O TCDF também verificou que outros dois exames não são regulados: endoscopia respiratória, que permite a visualização das vias aéreas (fossas nasais, nasofaringe, laringe, traqueia e brônquios) e ecoendoscopia, uma avaliação ultrassonográfica do esôfago, do estômago e do duodeno ou de estruturas adjacentes, muito usada para detecção de tumores. A regulação é conciliação entre a avaliação da urgência e das vagas disponíveis. É, por meio dela, que é possível obter informações sobre o gerenciamento dos serviços e priorizar os pacientes mais graves.