É fato que a situação dos povos indígenas brasileiros – falamos, especificamente, da comunidade Yanomami, em evidência no noticiário dos últimos dias – está crítica. Sem contar que está é uma verdade camuflada por muitos anos ou décadas.
Desde os anos 1980, com as políticas de exploração de minérios e de madeira nas terras indígenas brasileiras, a situação de vida e saúde dessas comunidades piorou.
A questão é que, em alguns governos, foi dada certa atenção e importância para que não houvesse a exploração ilegal, que leva a prejuízos incalculáveis. Porém, o que estamos vendo, é resultado do desgoverno instalado em nosso país nos últimos quatro anos.
Hoje, temos casos graves de desnutrição, na maioria das vezes decorrente da falta de acesso a alimentos. Mas, também, tem sido em consequência de outras doenças, como as infectocontagiosas, especialmente a malária e doenças respiratórias.
No que tange à falta de acesso a alimentos, considerando que essas comunidades vivem, na maioria das vezes, da caça, da pesca e da coleta de alimentos da floresta, o fato de haver garimpo ilegal na região afasta os animais e polui as águas com mercúrio. Isto adoece os adultos, que são a força de trabalho da comunidade.
Nos últimos dias, a Força Nacional do SUS (Serviço Único de Saúde) foi convocada pela ministra Nísia Trindade, depois de ter sido decretada situação de emergência em saúde pública na região dos povos Yanomami. Uma força tarefa de médicos, enfermeiros e nutricionistas está chegando nessas comunidades.
E como o nutricionista atua nesses casos? Para os leigos, pode parecer que a desnutrição se cura com a simples oferta de alimentos. Porém, nos casos graves, como os que foram encontrados naquelas comunidades, é preciso um processo de hidratação e realimentação gradual, com uso de suplementos, de forma monitorada, para que essas pessoas consigam voltar a se alimentar normalmente.
E isso leva tempo. Quando uma pessoa passa muito tempo sem se alimentar, o corpo muda. Ele passa a trabalhar em menor velocidade, incluindo menor produção de enzimas digestivas. Há redução da área absortiva, e as células não estão preparadas para metabolizar uma quantidade elevada de energia.
Os nutricionistas, portanto, são peças chave no tratamento da desnutrição grave. Por isso estão compondo essas equipes.
Se você é nutricionista, saiba que é possível fazer um cadastro reserva para ser voluntário em ações futuras. O link está no site do Ministério da Saúde.