Justiça tira aplicativo do ar por 48h e revolta usuários. “Por que não travam as ligações dentro dos presídios?”, questiona professor
- Advertisement -
Gabriel Pontes e Gustavo Goes
À meia noite de quinta-feira (17), os grupos calaram, o celular parou de tocar o tempo todo e até a Fabíola – bola da vez no aplicativo de mensagens – foi esquecida. O Whatsapp foi bloqueado em todo território brasileiro. O que parecia apenas mais uma “corrente” veiculando notícia falsa pelas redes sociais, se concretizou. O aplicativo paralisou suas atividades por 48 horas, em virtude de uma decisão judicial que intimou as principais operadoras do país – Oi, Vivo, Claro e Tim – a bloquear o Whatsapp em todo o território nacional a partir de 0h de quinta-feira (17). Mais de 100 milhões de usuários têm o aplicativo instalado no Brasil.
A decisão foi da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. De acordo com a justiça, o Facebook, proprietário do app de mensagens, se recusou a colaborar com as investigações de um homem preso pela Polícia Civil de São Paulo em 2013. O homem é acusado de latrocínio, tráfico de drogas e associação ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O suspeito ficou preso preventivamente por dois anos e acabou sendo solto em novembro deste ano pelo STF.
Nas ruas, os brasileiros ficaram surpresos com a decisão. “É uma vergonha. A Justiça brasileira bloqueia o Whatsapp e não consegue bloquear as ligações de dentro de uma cadeia”, lembra o professor Paulo Cottas. O episódio foi classificado como “um dia triste para o país” por Marck Zuckerberg, dono do aplicativo, que foi comprado por US$ 22 bilhões em fevereiro de 2014 pelo Facebook.
O próprio aplicativo deu uma alternativa para burlar a determinação judicial e sugere a instalação do VPN, que funciona como uma rede privativa dentro da rede mundial de computadores. O Whatsapp já tinha conseguido escapar de duas decisões parecidas na Justiça brasileira. Um dos casos foi no Piauí, durante investigação de um acusado de pedofilia, mas um juiz suspendeu a decisão. Em todos os casos, o aplicativo se recusa veementemente a invadir a privacidade dos usuários. Analisar conversas, apagar fotos, ou vazar informações.
Mark Zuckemberg afirmou que está chocado com a decisão. O americano ressaltou que o país “tem sido um importante aliado na criação de uma internet aberta. Os brasileiros estão sempre entre os mais apaixonados em compartilhar suas vozes online”.
Comunicação
- Advertisement -
Não só de entretenimento vivem as pessoas que navegam no Whatsapp. Para a contadora Regina Célia, que trabalha na empresa Ágil Consultoria e Contábil, a comunicação interna foi prejudicada com a paralisação do serviço. “A comunicação interna da empresa e até com nossos clientes é feita com freqüência por meio do Whatsapp. Já tentamos baixar o Telegram e o VPN para tentar suprir a carência do aplicativo, mas o serviço disponível não é o mesmo”, disse.
A falta de acesso ao aplicativo fez com que o Messenger do Facebook enviasse mensagens aos usuários para que recorressem ao aplicativo. “Estamos trabalhando para restaurar o WhatsApp. Enquanto isso, use o Messenger”, dizia a mensagem.
Certo, mesmo, é que a suspensão do serviço do Whatsapp escancarou um problema: o brasileiro tem a capacidade de se adaptar fácil a um aplicativo, mas não é flexível quando está sem ele.