Houve, nesta semana, a celebração de um grandioso evento para a história do Brasil: a proclamação da República. Nessa ocasião, é normal que executem o nosso hino. E como o brasileiro se emociona ao cantar ou ouvir a composição de Joaquim Osório Duque Estrada! E nos eventos esportivos? A voz do povo ecoa em estádios e ginásios! Mas, eis que pergunto: será que todos os Brasileiros entendem o que diz o Hino Nacional? Trata-se de uma composição parnasiana, cheia de inversões e preciosismos. Vamos analisar algumas partes!
Logo nos versos iniciais, há uma sínquise (forte inversão dos termos da oração) que merece destaque. Em ordem direta, o início do hino seria “as margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico”. E é assim mesmo! Quem “ouviram” foram “as margens plácidas do Ipiranga”! O autor quis dizer que as pessoas que estavam às margens do rio foram as ouvintes do grito que declarou a nossa independência! Esse recurso chama-se metonímia, pois, para não falar das pessoas, usou-se uma referência ligada a elas – no caso, o lugar onde estavam. Mas os hipérbatos é que conferem majestade ao hino!
Outro trecho lindo diz respeito à exaltação de nossa bandeira (lábaro, flâmula). O autor deseja que ela, estrelada, seja símbolo de amor eterno! E que o verde e amarelo transmita a seguinte mensagem: paz no futuro, e glória no passado. Nossa bandeira, portanto, expressa amor, paz e glória!
O hino nacional também deu origem ao bordão das manifestações de 2014: “o Gigante acordou”! Dizer que o Brasil é um “impávido colosso” é afirmar que ele é um gigante grande, forte, destemido, intrépido, corajoso! Recentemente, em uma visita a Macaé-RJ, vi, em um muro, uma pichação que usava o tema criado pouco antes da Copa: “o gigante acordou e está colando figurinhas”. Triste verdade; onde foi que perdemos toda a nossa impavidez?
Por isso, amo analisar nossa língua! Alguns versos, quando compreendidos, levam-nos a profundas reflexões. O nosso hino nos deseja heroísmo, liberdade, amor, paz, glória, coragem; no entanto, não é honrado tentar alcançar todas essas virtudes por meios escusos. Assim como também não podemos esmorecer diante dos problemas. Para se alcançar o certo, é preciso fazer o certo.
Na próxima vez em que você ouvir o hino, lembre-se de tudo isso. Não abra a sua boca em vão. Não gaste sua voz e emoção a troco de nada. Deixe seu coração entender cada palavra pronunciada. Use esse entendimento como inspiração para as suas atitudes!
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