O mundo capitalista traz uma característica típica do sistema: a competitividade. Esta não é utilizada apenas no âmbito profissional. Cada vez mais, ela se impõe nos contextos pessoais e relacionais. Desde pequenos, somos incentivados a encontrar os nossos valores através da comparação com os outros. E assim crescemos e continuamos com essa metodologia de vida. É cultivado o pensamento social que para ser bom e ter espaço neste mundo é preciso ser o melhor. E ser o melhor sempre nos levará a olhar para o próximo, para o que ele é ou para o que ele possui e tentar ser superior.
Se seguimos a lógica desse pensamento, um questionamento se faz fundamental. O que é ser melhor? E melhor para quem? Pois temos que concordar o quanto o conceito de melhor pode ser relativo e é particular a cada um. Mas nossa sociedade estabeleceu padrões para serem seguidos e conquistados. E somente aqueles que seguem esses padrões é que serão considerados “os melhores”. Os indivíduos que não adotam esse modus operandi não alcançam o status almejado, sentindo-se, consequentemente, inferiorizados e com conflitos. E dessa forma se perde o respeito pela diversidade.
Atribui-se “o melhor” a uma determinada religião, raça, orientação sexual, padrão corporal, padrão social, padrão familiar, personalidade, sempre em detrimento dos outros padrões. E a beleza de sermos quem somos, a única forma de alcançarmos a saúde emocional e a felicidade, fica perdida no caminho. Por isso, é importante que possamos descobrir o nosso próprio padrão. Aquele que faz sentido para a nossa vida. Aquele pelo qual vale a pena lutar. E quando os alcançamos, não nos questionaremos sobre o tempo perdido e ilusões que não levam à real felicidade. Quando o padrão for estabelecido por nós mesmos, a felicidade vem de mãos dadas.
Para isso, precisamos entender a nossa história, as nossas limitações, as nossas potencialidades, a nossa personalidade. Precisamos olhar para os nossos sonhos como metas individuais e únicas. Certamente, a minha felicidade variará muito da felicidade escolhida pelo outro. E isso não é um problema. Se eu escolho trabalhar muito ou pouco, a forma como decido ter uma família, a forma como me relaciono com o meu corpo devem ser saudáveis para mim. Enquanto eu continuar me comparando, não acharei o meu destino. Só posso me encontrar com o meu caminho, abrindo os meus olhos para dentro.
Se torna necessário entendermos que nós somos os nossos próprios parâmetros. Sempre enxergaremos o quanto somos ou estamos melhores, a partir de nosso próprio referencial, das nossas próprias peculiaridades. É importante ser coerente com as nossas buscas individuais. Só assim conseguiremos nos sentir realizados e felizes. Olhar sempre para o nosso ponto de partida e para onde estamos. Isso resultará termos orgulho de nós mesmos e da nossa trajetória.
(*) Psicóloga, Psicodramatista, Neuropsicóloga, Terapeuta Sexual, Especialista em EMDR, Brainspotting e Palestrante
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