Familiares e representantes das vítimas do acidente de avião que levava o time da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, em novembro de 2016, pediram ajuda ao Senado Federal para mobilizar o governo brasileiro visando solucionar o caso. Na queda, morreram 77 pessoas, com apenas seis sobreviventes.
O grupo prestou depoimento na terça-feira (4) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os desdobramentos da queda do avião que transportava a delegação da Chapecoense para a decisão da Copa Sul-Americana daquele ano.
Hélio Hermito Zampier Neto, zagueiro do time, lamenta que, após 3 anos da tragédia, as famílias não tenham respostas concretas nem recebido nenhuma indenização. Ele atribui a falta de soluções à ausência de vontade política e disse que muitos utilizam o acidente apenas para se autopromover.
Neto considera que o desastre foi premeditado, uma vez que a aeronave teria feito a mesma viagem à Colômbia mais de cinco vezes. “Fico com raiva de falar desse assunto em um País que é patriota, que diz lutar pelo seu povo, mas não vejo o governo mover uma palha”, criticou.
O ex-jogador compara: “Se caísse um avião norte-americano no Brasil e o nosso País estivesse errado, a coisa seria diferente. Não representávamos apenas um clube ou uma cidade, representávamos o País. A gente não quer nada mais do que a justiça, e isso passa pelas mãos de todos os que estão em Brasília”.
Indenizações – As associações de familiares e amigos das vítimas juntaram documentos que revelam os fatores que levaram à queda do avião da Chape. Por causa do resultado, lutam por indenizações na Justiça.
Os advogados afirmam que o valor devido pelas seguradoras Aon, Tokio Marine Kiln e Bisa, responsáveis pelas apólices de seguro, varia entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões para cada família (de R$ 16 milhões a R$ 21 milhões).
O advogado de Neto, Marcel Camilo, disse que o ressarcimento ainda não aconteceu porque as corretoras estrangeiras entendem ser “fácil enrolar os brasileiros”.
O presidente da Associação Brasileira das Vítimas do Acidente com a Chapecoense (Abravic), Fabiano Porto, citou graves dificuldades econômicas dos parentes das vítimas e destacou o protagonismo do Senado na busca de soluções.
“A cidade de Chapecó ainda chora pela tragédia, assim como o estado e o País. Não vou ficar relatando o drama de cada um, de cada mãe, de cada esposa, de cada criança, mas quero dizer que o Senado Federal é peça importantíssima no auxílio a todos nós, porque eles estavam representando o Brasil”.
A presidente da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense (Afav-C), Fabienne Belle questionou a permissão dos órgãos governamentais à Lamia, dona do avião que caiu, para a realização dos voos que, segundo ela, ocorriam de forma inadequada. E cobrou a responsabilização dos governos da Colômbia e da Bolívia.
“Leis de liberdade do ar foram violadas. Recebemos a informação de que apenas o piloto foi o culpado. Se isso fosse verdade, não estaríamos aqui hoje. Colocamos nossas esperanças nos desdobramentos desta CPI porque são três anos carregando uma dor profunda, um sentimento de impunidade marcado nos nossos olhares, que não será diluído com o tempo”.
(*) Com informações da Agência Senado