A presença da influenciadora digital Virgínia Fonseca na CPI das Bets, na terça (13), foi, indiscutivelmente, o assunto político da semana. Ela foi convocada para depor por ser garota-propaganda de casas de aposta, como a Esportes da Sorte e a Blaze, segundo a própria Virgínia.
Mas a aparição no plenário do Senado, ambiente sempre hostil ao depoente, fez Virgínia perder seguidores. Segundo dados da plataforma Social Blade, 117 mil pessoas a deixaram de acompanhar suas postagens diárias nas redes.
Durante seu depoimento, empresária afirmou que não ficou rica por causa das publicidades das bets, e que, quando divulgou as plataformas, já tinha cerca de 30 milhões de seguidores – hoje tem 53 milhões.
TIETAGEM – Apesar disso, os senadores presentes “roubaram a cena”. Conhecido por vídeos inusitados nas redes, Cleitinho (Rep-MG) levantou-se da cadeira e foi pedir uma selfie à depoente. “Como vou desobedecer a uma ordem da minha mulher?”, disse o parlamentar, depois, em entrevista.
A gracinha levou 155 mil novos seguidores ao seu Instagram. Porém, o tiro pode ter saído pela culatra: houve aumento de críticas à postura de Cleitinho, inclusive por parte de seus colegas senadores. Para ele, pouco importa o decoro. E talvez este seja seu maior trunfo.
Soraya Thronicke (PODE-MS), relatora da Comissão, também saiu no lucro: 67 mil novos seguidores, puxados pela menção de Virgínia à senadora em seu story no Instagram.
“Obrigada pelo respeito e acolhimento”, disse a influencer na rede, abrindo caminho para críticas dos pares de Soraya, que não gostaram nada-nada da foto. Afinal, estavam ali para inquirir Virgínia – e não para tietá-la.
VITRINE – Conforme escrevi neste espaço semana passada, as CPIs seguem sendo “vitrines” para os políticos (vale a pena conferir). Queira ou não, foi a presença de Virgínia que jogou luzes sobre o trabalho dos parlamentares.
O mesmo aconteceu, por exemplo, com Ronaldo Nazário. Em 1998, quando teve de explicar a deputados, numa CPI, porque havia sido escalado na final da Copa do Mundo depois de um episódio de convulsão, o Fenômeno negou que a Nike tivesse qualquer ingerência na escalação de jogadores da Seleção Brasileira. Mas virou a atração entre aqueles que o inquiriam.
Goste ou não, a participação de famosos no Legislativo atrai a atenção das pessoas. Quem sabe, a proximidade dos cidadãos com a política, ainda que da forma que foi, reduza o alarmante número do Datafolha. Segundo o instituto de pesquisa, 60% dos brasileiros não se lembram em quem votaram para deputado federal e senador.