Nada é tão ruim que não possa piorar. A frase vem sendo repetida pelos comerciantes do centro de Taguatinga. Impactados diretamente pela obra do túnel da cidade, que se arrasta há mais de dois anos – deveria ter sido entregue em junho do ano passado –, eles passaram a sofrer com as frequentes “visitas” indesejadas de ladrões.
Uma das áreas mais atingidas é a quadra C-8, onde funciona uma agência do BRB. Desde a interdição da passagem de carros e de pedestres por tapumes da obra do túnel, os lojistas acumulam prejuízos. Há poucos dias, com a liberação de parte da calçada e do trânsito de veículos, a esperança renasceu. Mas veio outra frustração: constatou-se a falta de vagas para estacionamento.
Enxugar gelo
Não bastasse tudo isso, os bandidos – especialmente os dependentes químicos que perambulam pelas ruas dia e noite – passaram a ver ali um território livre para suas ações. E agem principalmente de madrugada. Arrombam lojas, roubam tampas de bueiros e promovem badernas que espantam os transeuntes.
O 2º Batalhão da PM, responsável pelo policiamento preventivo da área, admite que trabalha “enxugando gelo”, com apenas quatro viaturas para a ronda de toda área. Um policial conta que os meliantes já são conhecidos. “A gente conduz essas pessoas para a delegacia. Chegando lá, passam por uma audiência de custódia e são liberadas”, afirma um oficial, que pede para não ser identificado.
Na 12ª DP, os delegados, agentes e escrivães têm versões semelhantes. “Fazemos as autuações, mas os bandidos acabam liberados, por serem delitos de baixo potencial ofensivo”, dizem. O Ministério Público não recomenda operações dos serviços sociais para encaminhamento dos delinquentes para albergues.
Seminário
O administrador de Taguatinga, Bispo Renato Andrade, diz ter conhecimento da situação, mas se vê impotente para tomar uma decisão mais firme. Segundo ele, o tema será debatido num seminário proposto pelo Ministério Público, talvez em março, com a participação de autoridades de vários setores e de representantes da sociedade civil.
Antes disso, ele terá uma audiência, na quinta-feira (23), com o secretário de Segurança Pública, Sandro Avellar, para encaminhar a demanda da população. “Também levarei o assunto ao conhecimento da governadora Celina Leão, para buscarmos uma solução nas diversas áreas do GDF ”, garante Bispo Renato Andrade