Na segunda-feira, 8 de dezembro, o calendário convencional assinalou uma triste lembrança para todos nós, brasileiros: há 20 anos, Tom Jobim faleceu aos 67 anos de idade cronológica, no Hospital Mount Sinai, de Nova Iorque, depois de uma cirurgia bem sucedida para a retirada de um câncer na bexiga. Graças a essa referência infausta, de repente a vida e obra do maior compositor musical que este país já teve voltou ao noticiário dos jornais e das tevês.
- Advertisement -
Esta é a maior prova de que ele não foi esquecido, até porque suas músicas ainda continuam emocionando quem tem ouvidos de ouvir e coração de amar, deste planetóide doidão empenhado numa sequência interminável de guerras de extermínio – prova evidente de que nos tempos de hoje não só a Poesia é necessária, mas também a Música, divina Música!
O carioca Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, nascido na Tijuca e radicado desde a adolescência em Ipanema, seguiu e permaneceu fiel à sua vocação. Com frequência, desde menino acariciava o teclado do piano de sua mãe, abdicando de outros projetos mais rendosos, como a Arquitetura, curso que abandonou no primeiro ano de faculdade.
Quando o vi pela primeira vez, por volta dos anos 1950, como pianista de uma das três pequeníssimas boates do Beco das Garrafas, em Copacabana, ele ainda não era famoso e ganhava muito pouco. Mas já chamava a atenção pelos acordes que enriqueciam a exibição dos cantores.
Acompanhei de perto a gradativa ascensão de Tom Jobim, que, em 1967, foi convidado, pelo telefone, por Frank Sinatra, para realizarem um show musical numa TV de Nova Iorque, ocasião em que interpretaram, em dueto, Garota de Ipanema, canção que Tom compusera em parceria com Vinicius de Moraes.
A propósito, foi com Vinicius, a quem conheceu em 1966 e se uniu definitivamente, que compôs uma série de sucessos. Mas, sem dúvida, que a obra-destaque da imortal dupla foi mesmo Garota de Ipanema. Segundo pesquisa, essa foi a música mais ouvida no planeta, só tendo sido superada por Yesterday, dos Beatles.
E eis a grande ironia: Tom nem Vinicius embolsaram um centavo dos direitos autorais em inglês de Girl from Ipanema. Os herdeiros das famílias Jobim e Moraes há anos lutam na Justiça norte-americana para receber essa verdadeira fortuna em dólares. Até agora, em vão.