Ainda no primeiro ano de mandato, o vice-governador Renato Santana (PSD) passou a criticar a gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB). A falta de sintonia entre governador e vice inaugurou um gabinete de oposição dentro do próprio Palácio do Buriti. Santana chegou a acusar Rollemberg de racismo e perseguição. Retaliado, viu sua equipe ser reduzida a apenas cinco cargos de confiança – a mando de Rollemberg. A rusga, no entanto, pode lhe render espaço na gestão do governador eleito Ibaneis Rocha (MDB). O acordo entre PSD e MDB está sendo costurado pelo candidato derrotado ao Buriti Rogério Rosso (PSD).
Preterido na cúpula do poder brasiliense, Santana passou a circular pelas cidades-satélites e tentar se aproximar do eleitorado. A boa recepção que teve em suas andanças, o encorajaram a se lançar candidato a deputado federal nas eleições deste ano. Com 31.379 votos, não obteve sucesso “eleitoral”, mas com sucesso “político”, segundo ele. Mesmo após o período eleitoral e a derrota de Rollemberg nas urnas, Santana continua a perambular pelas cidades e ouvir as pessoas.
Na quinta-feira (8), o Brasília Capital acompanhou o vice-governador em um dia de trabalho pelas avenidas Comercial e Samdu, em Taguatinga. Confira as opiniões de Renato Santana sobre o cenário político do Distrito Federal.
Continuação – Santana não descarta continuar atuando no Executivo local mesmo com a troca de governo. Afinal ele é servidor de carreira. O atual vice-governador lembra que seu partido, o PSD, apoiou Ibaneis no segundo turno. Pondera, no entanto, que o responsável por qualquer conversa e seus desdobramentos será o presidente da legenda no DF, Rogério Rosso. Mesmo assim, Santana pontua: “A caneta está com ele (Ibaneis), e ele que decide”.
Administrações Regionais – Depois de ter passado pela administração de dez regiões administrativas, Santana acredita que o caminho para um bom governo passa pelas administrações regionais. Segundo ele, Rollemberg “esvaziou” os órgãos. Ibaneis indica que irá fortalecê-las e pode, segundo Renato, colher bons frutos. O vice-governador lembra alguns nomes que começaram como administradores e hoje têm força na política de Brasília.
“Em Ceilândia, por exemplo: eu, Maria de Lourdes Abadia e Rogério Rosso. Três ex-administradores que chegaram ao topo do Executivo”, relembrou. “Alírio Neto, José Humberto, Odilon Aires, Milton Barbosa, Tadeu Filippelli… todos passaram por administrações quando elas eram fortalecidas”, listou.
Para Renato Santana, o “esvaziamento” das administrações fica evidente com o resultado das urnas: “O único administrador de Rollemberg que conseguiu se eleger foi o Roosevelt (Vilela, ex-administrador de Candangolândia e eleito deputado distrital)”.
Eleição – Renato Santana lembra que as votações informais promovidas pelos próprios “candidatos” a administrações, feitas após Ibaneis anunciar que levaria em consideração a vontade popular na escolha dos administradores, já aconteceu outra vez. “O Roriz chamou as entidades para perguntar quem deveria ocupar as administrações, e deu certo”, ratificou. “O escolhido tem que aumentar a representatividade popular, além de ser alguém que entenda de Administração Pública”.
José Humberto Pires – Para Renato Santana, o ex-secretário de Governo e ex-administrador de Taguatinga não deve ficar fora do próximo governo. “Ele entende como funciona a máquina” e seu estilo “gerentão” combina com o “pulso firme” do governador eleito Ibaneis Rocha (MDB).