Frase que foi repetida pelos concorrentes ao Buriti durante as eleições se torna uma verdade absoluta no Distrito Federal
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Os últimos dias de Agnelo Queiroz (PT) como governador do Distrito Federal estão sendo marcados pelo caos. Depois da derrota na tentativa de se reeleger para o Buriti, veio à tona a grave crise financeira por que passa a capital da República. Na terça-feira, 700 mil passageiros ficaram sem transporte público, muitos pelo sexto dia seguido, devido à paralisação dos rodoviários. Simultaneamente, professores e servidores da Saúde fechavam o Eixo Monumental pedindo o pagamento de salários e direitos atrasados. Na Secretaria de Planejamento, artistas se acorrentavam para pedir a quitação das dívidas do Fundo de Apoio à Cultura, que somam R$ 43 milhões.
Na Saúde, o não pagamento foi estopim da paralisação dos serviços que já estavam comprometidos pela falta de insumos básicos, como gaze, luvas, dentre outros. A técnica em enfermagem, Patrícia Fogaça, 40 anos, denuncia ainda a estrutura precária até mesmo nos principais hospitais da cidade. “A nossa reivindicação também é sobrecarga. Deveria haver 23 técnicos, mas só tem 15. No Hran (Hospital Regional da Asa Norte), há 60 leitos e temos 77 pacientes internados. Eles estão nas cadeiras e no chão”, denuncia.
Os salários dos funcionários da Secretaria de Saúde deveriam ter sido pagos na sexta-feira (5). A presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, diz que a situação é grave. \”Nós temos um conjunto de problemas: atraso das horas extras, no décimo-terceiro, falta de medicação e de alimentação\”, afirma. O sindicato vai manter 30% da mão de obra trabalhando, como exige a lei, e promete encerrar a greve apenas quando o governo pagar o que deve.
Na terça-feira (9), o GDF creditou os salários dos servidores da Saúde e da Educação. O Sindicato dos Professores (Sinpro) confirmou o depósito do pagamento na manhã de quarta-feira (10), depois de dois dias de paralisação e protesto. O Sinpro manifestou, porém, a indignação da categoria com relação ao atraso. A categoria segue aguardando o pagamento das pendências financeiras com os professores que se aposentaram nos meses de agosto, setembro e outubro e ainda não receberam a licença-prêmio, programada para o próximo dia 20. “O ano letivo termina dia 22. Então, até o dia 20 tem que ser tudo pago”, afirmou a presidente do sindicato, Rosilene Correa.
Os 17 artistas que se acorrentaram às mesas da Secretaria de Planejamento conseguiram se reunir com o secretário Paulo Antenor de Oliveira. Projetos como aniversário das cidades, Porão do Rock, artistas locais e de renome nacional, como Elba Ramaho e Elza Soares não receberam os cachês, alguns com atraso superior a 90 dias. O responsável pela Pasta assumiu a dívida e se comprometeu a pagar.
As greves são o resultado da gestão com a folha de pagamento mais cara da história do DF. Até 2010, o GDF gastava por mês R$ 580 milhões. No quatro anos da gestão de Agnelo a despesa deu um salto para R$ 930 milhões. Isto praticamente inviabilizou novos investimentos e levou as finanças do governo ao limite do suportável.
O descontrole financeiro tem prejudicado até mesmo a realização de tarefas simples, como a poda do mato alto e as operações tapa buraco (veja páginas 8 e 9). Creches suspenderam os trabalhos por falta de pagamento. A irregularidade do serviço de transporte público também motivou a volta das vans de transporte irregular, que circulam livremente. Por enquanto, só quem não entrou na pindaíba foram os servidores da Segurança Pública, porque recebem do governo federal, por meio do Fundo Constitucional.
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Crise repercute no plenário
O atraso no pagamento dos salários dos profissionais das áreas de Educação e Saúde motivou a maior parte dos pronunciamentos dos deputados distritais na sessão ordinária de terça-feira (9). A deputada Celina Leão (PDT) abriu o debate dizendo que o GDF \”não está encarando a crise com a devida seriedade\”. A deputada argumentou que \”com a constatação de que os salários não seriam pagos, o governo deveria ao menos ter avisado aos profissionais para que eles pudessem se preparar para essa situação\”.
Já a líder do governo na Câmara Legislativa, Arlete Sampaio (PT), destacou que o GDF não está sozinho ao concluir o mandato com déficit nas contas públicas devido à \”situação complexa do país, de desaceleração da economia\”. Segundo a petista, \”o governo de Pernambuco, do PSB, acumulou dívida de R$ 8 bilhões, assim como o do Paraná, do PSDB, que anunciou o não pagamento dos salários dos servidores neste mês\”. Arlete acrescentou que oito governos estaduais anteciparam recursos da arrecadação do ICMS do próximo ano.