A Caixa Econômica Federal registrou lucro líquido de R$ 6,3 bilhões no segundo trimestre de 2021. O resultado é 144,7% maior frente ao mesmo período do ano passado (R$ 2,6 bilhões) e foi impulsionado pela venda de ativos do banco público.
O economista e diretor doReconta Aí, Sérgio Mendonça, explica que todos os bancos estão apresentando resultados muito superiores aos de 2020 em função da base de comparação ruim do ano passado. No caso da Caixa, segundo ele, o expressivo resultado tem a ver com a venda de participação no Banco Panamericano e a abertura de capital (IPO) da Caixa Seguridade.
“Esses eventos (não recorrentes) impulsionaram o resultado. Enfraquecem a Caixa no futuro e caminham na direção de privatização pelas ‘bordas'”, alerta Mendonça. O IPO da Caixa Seguridade teve um volume financeiro de R$ 5 bilhões. Soma-se a isso, o desinvestimento total no Banco PAN, com lucro líquido de R$ 2 bilhões.
Em suas redes sociais, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, se gaba ao dizer que o banco alcançou o maior lucro no segundo trimestre e também no primeiro semestre – R$ 10,8 bilhões, aumento de 93,4% – de toda a série histórica. No entanto, só foi possível devido à política privatista deste governo.
“Sempre acho estranho comemorar que um banco público deu lucro maior que os bancos privados. É uma distorção na gestão e visão sobre o papel de uma instituição pública, que deve buscar eficiência e lucro, mas compatível com seu papel social”, explica Sérgio Mendonça.
Venda de ativos
Durante coletiva de imprensa para anunciar o resultado do balanço da Caixa, na quinta-feira (19), o presidente do banco destacou que parte do resultado vem do desinvestimento em ativos que, segundo ele, não são estratégicos para a CEF.
“Já anunciamos a venda de todos esses ativos que não são estratégicos. Nós vamos fechar a Caixa Participações. Não há nenhum sentido a Caixa Econômica ter uma empresa de participações”, disse Guimarães.
Gestões anteriores
Guimarães aproveitou a coletiva para focar em duas coisas: falar mal das gestões anteriores e enaltecer a sua gestão. No entanto, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realizou um levantamento que mostra que o banco teve lucro nos últimos 18 anos. Ou seja, a instituição é lucrativa desde 2003.
Em valores atualizados, a empresa contabilizou um lucro líquido acumulado de R$ 39,7 bilhões durante o governo Lula (2003 a 2010), de R$ 51 bilhões no governo Dilma (2011 a 2016) e de R$ 25,4 bilhões no governo Temer (2017 e 2018).
Em 2019 e 2020, o lucro acumulado foi de R$ 35,1 bilhões, mas grande parcela deste resultado vem da venda de ativos da estatal. Com isso, é possível ver claramente como a gestão do presidente Bolsonaro está trabalhando contra o patrimônio público.