Durante 21 anos o Brasil viveu sob a ditadura implantada pelo golpe de 1964. Último general a governar o País naquele período, João Figueiredo é autor de frases como “prefiro cheiro de cavalo ao cheiro de povo”, e “quem for contra a abertura, eu prendo e arrebento”.
A “sutileza” de Figueiredo superava a do então comandante militar do Planalto, Newton Cruz. Terrível torturador reconhecido por várias de suas vítimas, Nini, certa feita, partiu pra cima da multidão montado em seu cavalo branco, pisoteando as pessoas em plena Esplanada dos Ministérios.
Noutra oportunidade, atacou o radialista Honório Dantas, aplicando-lhe chave de braço e obrigando-o a pedir-lhe desculpas por ter-lhe feito perguntas que considerou inconvenientes.
Desde a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, em 1985, o País passou a ser governador por civis, bem mais cuidadosos com as palavras e respeitosos com os direitos das pessoas. Mas, em 2018, movida pelo sentimento de revanche contra o PT e inebriada pelo discurso de combate à corrupção, a maioria da população elegeu o capitão Jair Bolsonaro (PSL) presidente da República.
Deputado do baixo clero por 28 anos, Bolsonaro nunca reconheceu que o regime que apoiou era uma ditadura. E mesmo sucessivamente eleito pelo voto popular para a Câmara dos Deputados e, agora, para o Planalto, parece não dar nenhum valor à opinião pública, e se envolve, diariamente, em encrencas, até mesmo internacionais, por sua verborragia virulenta.
Nesta semana, ele resolveu ensinar ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), como proceder sem dar voz aos governados. “Tem que impor”, repetiu várias vezes, para dizer como o chefe do Executivo da capital deve agir para implantar a militarização nas escolas públicas.
Que Ibaneis tenha o discernimento de compreender que vivemos uma quadra democrática na História do Brasil. E faça ouvidos moucos aos conselhos do mandatário da Nação. Afinal, ao contrário do que disse o ex-técnico da Seleção, Mario Zagallo, numa democracia, ninguém é obrigado a engolir nada de que discorde.
Nos dias de hoje, ninguém sente saudade dos velhos tempos e tristes dias da ditadura e de pessoas como o torturador-mor, coronel Brilhante Ustra, o ídolo de Bolsonaro