O Centro Administrativo (Centrad) de Taguatinga, construído de 2009 a 2014, inaugurado no último dia do governo Agnelo Queiroz (PT), em 31 de dezembro de 2014, e jamais entregue à população, deve, finalmente, ser ocupado por órgãos do governo local até o final de 2024. Esta é a intenção do governador Ibaneis Rocha (MDB), confirmada na segunda-feira (27) pela governadora Celina Leão (PP) em entrevista exclusiva ao Brasília Capital, em seu gabinete no Palácio do Buriti.
Celina disse que o Centrad é o presente do 66º aniversário de Taguatinga, no dia 5 de junho. Mas a cidade também pode comemorar a garantia de recursos para conclusão da reforma da Praça do Relógio, o avanço das obras de infraestrutura das avenidas Hélio Prates e Comercial Norte, além de se considerar incluída no benefício que trarão para todos os usuários do metrô os 12 novos vagões que chegarão nos próximos meses, adquiridos com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.
A vice-governadora falou, ainda, de seu carinho por Brazlândia, que completa 90 anos na mesma data, e de sua visão do Dia Mundial do Meio Ambiente, também festejado em 5 de junho: “Nossa principal preocupação são as pessoas”.
Orlando Pontes
A maior obra do governo é o Túnel Rei Pelé, e uma das suas principais finalidades seria facilitar o acesso ao Centro Administrativo, entre Taguatinga. Mas o Centrad ficou pronto e não foi entregue à população. Há previsão de quando ele começará a funcionar? – O governador Ibaneis tem falado de um planejamento para ocupação do Centrad. Ele já solicitou às áreas responsáveis uma adaptação para que a gente comece a fazer as mudanças necessárias para iniciar o remanejamento de alguns órgãos e começar essa ocupação.
Seria importante para o desenvolvimento de toda aquela região… – Sem dúvida. E resolve também a questão de desafogar o centro de Brasília. Até porque, Taguatinga, Ceilândia e Samambaia são autossuficientes e precisam de meios para incrementar suas próprias economias. E obras como o Centrad ajudam no crescimento das cidades. Taguatinga, por exemplo, receberá novas obras viárias para que possa suportar a ocupação do Centrad.
E como fica a ampliação do metrô? – Também vai ocorrer. Mas, num primeiro momento, a principal obra é viária mesmo, que é uma ampliação do viaduto próximo ao Centrad. Senão, teremos um congestionamento muito grande ali. Esse projeto está sendo licitado, para que possa começar a ser executado.
A população de Taguatinga, principalmente os comerciantes da área central, se ressente de ter se tornado mera passagem para outras localidades a partir da entrega do túnel. O GDF tem algum projeto para melhorar o acesso de pedestres e clientes às lojas do centro de centro da cidade? – Sim. Inclusive, está em andamento a reforma total da Praça do Relógio. Eu acredito que, devido à obra do túnel, ficou muito tempo parado. As pessoas se movimentaram e adquiriram outros hábitos. Mas eu não tenho dúvida de que aquele comércio vai se recuperar. Estamos fazendo os investimentos necessários para melhorar toda aquela infraestrutura. Pode ter certeza de que a nossa preocupação é de revigorar todo o centro de Taguatinga.
O GDF tem alguma proposta de implantação da Zona Verde em Taguatinga, assim como vem sendo estudado para o Plano Piloto? – Toda cidade inteligente, no Brasil e no mundo, tem zona verde. A gente precisa fazer essa discussão com a população com muita clareza, até porque as cidades que estão cumprindo metas ambientais incentivam que as pessoas não tenham carro.
Mas, para isso, é necessário um transporte público de qualidade. – Sem dúvida. Uma mobilidade que seja com ciclovias, por exemplo. E a gente tem feito isso. Hoje, o DF é a segunda capital com maior malha cicloviária do País. A ideia é que a pessoa consiga sair de Samambaia, de Taguatinga, de Ceilândia, de bicicleta, para chegar no seu local de trabalho. E quando você coloca a rotatividade de estacionamento nas áreas comerciais, você dá oportunidade de o cliente chegar na porta da sua loja. Mas, às vezes, é uma discussão difícil. Muitas pessoas falam que são contra pagar estacionamento. Mas este é um avanço pelo qual Brasília vai ter que passar.
Numa entrevista ao Brasília Capital, no ano passado, a senhora disse que tinha voltado de Barcelona, na Espanha, onde foi conhecer experiências de cidades inteligentes. Já conseguiu implementar alguma delas no DF? – A primeira coisa que eu acho que a gente está conseguindo fazer é tirar toda a questão financeira dos nossos transportes coletivos. Mesmo nossos ônibus não vão poder mais receber dinheiro. Isso é uma segurança para o passageiro e para o cobrador, para evitar assaltos. Paralelamente, nós conseguimos também vencer uma legislação onde você pode ter essa mão de obra. Estamos cobrando, também, a renovação de ônibus. Estamos notificando as empresas que não fizerem a troca. Elas podem até perder a concessão.
E quanto ao metrô? – Estamos discutindo a ordem de serviço para a compra de novos vagões e a ampliação de uma linha para Santa Maria, saindo do Gama. Uma obra mais acessível por se tratar de um metrô de superfície. E pode ter um ramal que iria até o Aeroporto JK.
Seria com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal? – O dinheiro do PAC está vindo para a compra dos novos vagões. A gente está viabilizando recursos próprios para a infraestrutura, para licitar o projeto básico. É a construção mesmo. Já estamos nesse estudo prévio.
Voltando a Taguatinga: uma obra iniciada no primeiro governo Ibaneis, o corredor Leste, na via Hélio Prates, está perto de entrar pela avenida Comercial Norte. Como o GDF pretende minimizar os transtornos, principalmente para o comércio? – Nós vamos finalizar em breve toda a infraestrutura da Hélio Prates. Na Comercial vai ser outra dificuldade. Toda vez que se mexe em uma área tão densamente habitada e com muito comércio é complicado.
Tem um prazo para entrega? – Olha, eu acho complicado marcar data. São muitas variáveis. Por exemplo, a entrega do viaduto do Paranoá sofreu um atraso de quase 30 dias por causa das chuvas. Não tinha como operar o maquinário. Mas este ano será um ano de muitas entregas. No caso da Comercial, sem dúvida vai prejudicar empresários. Mas depois eles vão agradecer.
Então, o Centrad será o presente do 66º aniversário de Taguatinga? – Sim. Provavelmente ele começará a funcionar até o final deste ano. Mas, para começar, Taguatinga e várias outras cidades vão ganhar 12 novos vagões do metrô, mais viagens, novos horários, em trens novos e mais confortáveis.
O aniversário de Taguatinga coincide com o Dia Mundial do Meio Ambiente. Como o GDF cuida da preservação das nossas cidades? – Nossa prioridade sempre são as pessoas. Eu tive oportunidade de ir a um evento da Unesco, na Indonésia. Aí você vê como nós estamos avançados em saneamento básico. Lá, não tem saneamento básico nenhum. Aqui, nós estamos com 95% de saneamento em todo o DF. E só não é 100% porque as invasões não param. E é uma grande dificuldade combatê-las.
Mesmo assim, praticamente todos os moradores do DF têm acesso a água tratada da Caesb. – Sim. E isto para nós é um orgulho. Outra coisa que também pude perceber é a nossa coleta de coleta de esgotos. Brasília é uma cidade extremamente limpa, inclusive em áreas muito simples. Evidentemente, como toda cidade, Brasília precisa melhorar. Mas, em relação a saneamento e água tratada, somos referência.
Também no dia 5 de junho, Brazlândia completa 90 anos. Lá, a maior reivindicação da população é a melhoria da ligação com Taguatinga e o Plano Piloto. – Lá, nós estamos conseguindo fazer a duplicação da BR-080, uma demanda muito antiga. Também estamos reformando e ampliando o Hospital Regional, inclusive com uma emenda minha, quando eu ainda quando eu era deputada federal. Foi o último recurso que eu deixei na área da saúde, de R$ 19 milhões. Agora, Brazlândia está recebendo também recursos do GDF para complementar a obra. E vamos concluir a duplicação da BR-080.
Governadora, 2026 está logo ali. Como a senhora está se preparando para essa viagem? – Eu acho engraçado a atuação de grupos políticos, inclusive da oposição, antecipando 2026, numa disputa fora da hora. E eu não estou muito preocupada com isso. Nós estamos preocupados em trabalhar, entregar uma cidade muito melhor do que a gente pegou. Isso a gente já faz, senão a gente não teria vencido a eleição no primeiro turno.
Mas a Saúde continua sendo o calcanhar de Aquiles de vocês… – Se você sentar num fórum de governadores, o maior problema será a Saúde. Pode ligar os telejornais locais de São Paulo, de Minas Gerais, do Nordeste. O problema da Saúde se agravou no pós-covid 19. As cirurgias eletivas ficaram realmente acumuladas. O pós-covid piorou problemas também de bronquite, de asma e outros.
E agora essa onda de dengue… – Então! E assim nós temos desafios, mas nunca corremos deles. A população tem tido respostas de contratação de servidores, de investimentos na infraestrutura da rede pública de Saúde. Nós conseguimos colocar aqui 11 tendas de tratamento de dengue. E o DF virou referência para o Brasil inteiro. Nossas unidades públicas atendem os pacientes em meia hora, enquanto os pacientes dos hospitais particulares esperavam quatro horas. Nossas UPAs responderam à altura.
Mas também não foi esse mar de rosas… – É claro que quando você cuida de espaços grandes, como a pasta da Saúde, tem alguns problemas, como a gente teve o problema das crianças (três crianças morreram por falhas no atendimento nas unidades da rede local). Mas a gente abriu sindicância para todos os casos, para entender o que foi negligência e o que realmente aconteceu no decorrer dos atendimentos.
A senhora está recebendo o Brasília Capital na segunda-feira (27), data em que o GDF anuncia algumas conquistas para a área de Saúde. Pode nos dar detalhes? – Com muito prazer. Hoje estamos anunciando a contratação de 221 técnicos de enfermagem, 122 enfermeiros e 149 médicos para reforçar a rede pública do DF. Eles se somam aos 500 médicos e 250 temporários contratados no mês passado.
Mas isto não é via Iges (Instituto de Gestão da Saúde)? – Nada a ver com Iges. É só para a rede pública de saúde. O Iges contrata conforme sua própria demanda. Ele tem mais agilidade, porque contrata por processo seletivo. Não precisa para a LOA (Lei de Orçamento Anual), como a gente vai, além do processo de concurso público. O Instituto tem mais facilidade na contratação de mão de obra.
Qual a mensagem a senhora deixaria para as comunidades de Taguatinga e de Brazlândia? – Eu tenho um carinho muito grande por Taguatinga. A cidade sempre me deu a maioria dos votos que recebi nas eleições que disputei. A população de Taguatinga acompanha política, gosta da política e está sempre muito presente nas lutas pela cidade. Brazlândia também é uma cidade pela qual tenho muito carinho desde o meu primeiro mandato. Giselle Ferreira, que é meu braço direito, e é a secretária das Mulheres, nasceu e vive lá até hoje. Então, eu estou sempre muito presente em Brazlândia, acompanhando os problemas demandados pela própria comunidade. Portanto, no aniversário das duas cidades, eu só posso parabenizar os moradores e dizer que estamos à disposição para atender a todas as suas demandas.