Na última semana, prefeita de Marituba, no Pará, viralizou após cair na rede um vídeo dela dançando a música “Que Pancada de Mulher”, de Xand Avião e Zé Vaqueiro. O vídeo foi publicado originalmente numa conta “extremamente privada no Instagram”, que conta apenas com 186 seguidores, segundo a própria.
Acontece que um dos poucos seguidores gravou a tela e espalhou para a cidade – a posteriori, para o País. O conteúdo foi visto em grandes páginas e a mulher de 37 anos virou alvo de críticas no ambiente sem lei das redes sociais.
Resultado: as páginas de fofoca e os veículos que cobrem política se viram obrigados a escrever sobre o mesmo assunto: a prefeita de biquíni. E Patrícia Alencar (MDB), até então uma ilustre desconhecida da maioria dos brasileiros – quiçá dos paraenses também – tornou-se celebridade.
Desde o vazamento do conteúdo, ela ganhou nada menos que 578.736 seguidores no Instagram. Sua taxa de engajamento chega a 8%, três por cento a mais que o prefeito de Sorocaba (SP), que, por causa de seus vídeos pitorescos com alto engajamento em mídias digitais, se lançou pré-candidato à presidência da República.
Manga é tido como referência na produção de conteúdo para canais de internet. E Patrícia Alencar, hoje, com toda certeza, se espelha em Manga. Ela fez do limão uma limonada.
Aproveitou a polêmica para fazer um “pronunciamento”, onde inicia o vídeo dizendo que vai explicar o motivo de tanto “murmurinho” na cidade, sugerindo que trataria da polêmica do biquíni. Ao final da mesma peça, anuncia “O maior São João que Marituba já viu”.
Estratégia semelhante à de Rodrigo Manga, quando foi alvo da Operação Copia e Cola da Polícia Federal, que investiga supostos desvios de recursos públicos destinados à saúde.
Naquela oportunidade, o prefeito disse que o motivo real da Operação seria perseguição por sua boa colocação em pesquisas eleitorais “internas” para presidente e para governador de São Paulo. “Vou intensificar minha candidatura, porque não tenho medo de você, presidente Lula”, disse.
Voltando a Marituba: Patrícia tem utilizado o biquíni como marca registrada. Desde o ocorrido, reafirma pautas femininas, com frases como “mulher tem o direito de ser, vestir e se sentir bem como quiser”. Ou, em outra ocasião, quando anuncia asfalto novo na cidade depois de um ator perguntar-lhe: “Hoje não tem vídeo de biquíni, prefeita?”.
Assim como Manga, Patrícia Alencar se vale do bom engajamento – a qualquer custo, diriam alguns! – para postular cargos mais altos do que os atuais.
Em contrapartida, há quem diga que “político de internet tem voo de galinha”. Destes, eu discordo.