Há uma máxima no trade turístico de que viajar para países como Itália, Grécia, França e Inglaterra é “tomar um banho de cultura”. De fato, lá se depara, a cada passo, com magníficas obras construídas pelas mãos do homem, da arte à engenharia.
Firenze e Roma, na Itália, transbordam cultura e história. Os museus e o turismo religioso atraem pessoas do mundo inteiro. São cobrados ingressos para visitas a quase todos, com raras exceções, como a Basílica de São Pedro, no Vaticano. Mas, pagos ou “free”, os espaços estão sempre lotados, com filas enormes para o acesso.
Lisboa remete ao tempo da arquitetura manuelina. Na capital portuguesa, é impossível não “voltar” ao período dos grandes descobrimentos. Na Praça de Belém, monumentos homenageiam os navegadores Vasco da Gama e Pedro Alvares Cabral, descobridores das Américas e do Brasil.
No centro da cidade, uma livraria esplendorosa expõe títulos de autores nacionais e internacionais, sempre com destaque para os poetas Luís Vaz de Camões e Fernando Pessoa.
VPVV – Diante de um roteiro tão rico de história e cultura – sem contar a gastronomia, incluindo os bons vinhos para acompanhar cada refeição –, o brasileiro Luiz Farinha criou um desafio para o grupo que organizou, fazendo um trocadilho com o sobrenome de um dos integrantes: quem adivinhasse o significado da sigla VPVV ganharia um jantar de 300 euros.
A principal dica era de que as quatro letras significavam a evolução do homem em 14 dias pela Europa. Mas ninguém matou a charada. No último dia, ele surpreendeu a todos com a revelação: VPVV era um trocadilho com o sobrenome Pontes, de um dos viajantes: Vai Pinguela, Volta Viaduto.
Saiba+
Pinguela, na definição do Houaiss, é uma ponte tosca de madeira. Ponte é uma construção que liga dois pontos separados por curso d’água ou depressão de terreno. Viaduto é uma via urbana acima do nível do solo.
Dinheiro, organização e boas companhias
Não é fácil para um brasileiro mediano fazer turismo na Europa. As diferenças culturais são enormes, o abismo do valor do real em relação ao euro é um obstáculo quase intransponível, e o descaso dos chamados “povos desenvolvidos” em relação aos cidadãos terceiro mundistas, muitas vezes, ultrapassa os limites da grosseria: é desrespeito puro!
Mas, para quem, apesar de tudo, ainda nutre o sonho e o desejo de conhecer as delícias e as belezas de além-mar, é possível minimizar as dificuldades que encontrará do outro lado do Atlântico.
Para um marinheiro de primeira viagem, a situação pode melhorar seguindo pelo menos três recomendações: uma programação financeira que faça frente ao peso da moeda (um euro vale seis reais); pesquisar e organizar previamente um roteiro dos passeios; e um curso básico de Inglês (lá, o Português só é falado em Portugal).
Mas o principal mesmo é estar em boas companhias. Em um lugar com costumes e línguas estranhos e anfitriões refratários à sua presença, ter amigos por perto pode significar a diferença entre o céu e o inferno.
A cobradora de tickets de Veneza
Quem nunca admirou – mesmo sem jamais ter ido lá – as belezas de Veneza, a cidade italiana cujas ruas são canais por onde navegam pequenos barcos e as charmosas gôndolas? Agora, imagine-se nesse paraíso na Terra, navegando num transporte público aquático, admirando a paisagem, pedindo que alguém lhe belisque para ter certeza de que não é um sonho e… Paft!
Eis que, num piscar de olhos, materializa-se à sua frente, aos berros, uma cobradora de ônibus: “ticket”!, “ticket”!. Como em nosso País, após passar pela catraca ninguém mais vai pedir o comprovante do pagamento da passagem, o bendito papel havia sido guardado na carteira. A demora na apresentação do tal ticket estressa ainda mais a fiscal.
Maquininha de cartão em punho, ela brada: “Ou mostra o ticket ou paga 100 euros – 10 vezes o valor da passagem comprada antes do embarque. Bate o desespero. A bolsa vira um esconderijo de documentos. E o minúsculo papelzinho branco não aparece. A mulher ameaça chamar a polícia. “Ou ticket ou a polícia”. O canhoto do caixa com o valor pago não vale. O passaporte brasileiro não significa nada.
Enfim, eis que, lá no fundo da carteira, que transformara-se em baú, surge o bendito ticket. Impávida, a mulherzinha valida o documento e, ainda resmungando, retira-se apressada da embarcação. Pedir desculpas? Por que? A descortesia deve fazer parte do passeio. Especialmente em se tratando de latino-americanos…
E, cá com seus botões, você ainda agradece: o salvador ticket só foi para o fundo da carteira porque seria guardado como lembrança daquele fortuito passeio de transporte público aquático pelos canais de Veneza.
Do contrário, estaria depositado na primeira lixeira após a catraca… E aí, só Deus sabe do que seria capaz a cobradora veneziana!