“O mundo gira a Lusitana roda”. Era este um slogan famoso no século passado, afirmando – sem vírgula e sem conjunção – que a Lusitana estava pronta para transportar qualquer tipo de objeto. De e para qualquer lugar.
Em nosso caso, agora, é para dizer que a gente gira com o mundo achando que os assuntos esquisitos vão dar um tempo, aproveitando para tirar umas férias no período natalino. Só que estes assuntos não dão folga para mudanças.
Olha só: a gente iniciou uma conversa a respeito de se ter um país laico, uma novela difícil de se conversar, e chega a outro melodrama antigo, que já mereceu toda a atenção indevida, e cai em nosso colo como se interrompesse nossa conversa.
Trata-se da malfadada privatização das praias para dar lugar a balneários com serviço à la carte, como ouvi várias vezes de quem sabe francês.
E falo apenas de uma delas, verdadeiro monumento tombado como Patrimônio Natural Mundial, o arquipélago Fernando de Noronha.
Como fazer? Mudando a Constituição e liberando as milhares de praias do Brasil.
Nem falo de outros belos lugares, pois não há necessidade. Basta lembrar – se você gosta de tirar férias no mar.
Pensou no estrago? Lembre-se então e imagine o mundo girando, redondo, e o caminhão da Lusitana carregando tijolos, concreto armado, motosserras e o que mais se necessite para destruir uma paisagem que tem História.
Quem dirá as praias que não a têm.