A Universidade de Brasília (UnB) está desenvolvendo um projeto revolucionário na área de saúde: a utilização de LED para tratamento do pé diabético e de outros tipos de lesões. O trabalho é coordenado pela professora doutora Suélia Rodrigues Fleury Rosa e tem como gerente a engenheira eletrônica Yasmin Carneiro Lobo Macedo.
A equipe da UnB desenvolveu o equipamento Rapha (cura em hebraico), um sistema móvel de neoformação tecidual (formação de novos tecidos) baseado nos princípios de fototerapia para auxiliar na cicatrização de lesões (feridas). Seu circuito emissor de luz é formado por um módulo de controle e um módulo de LEDs de alto brilho.
Foram feitos testes com nove pacientes no Distrito Federal – seis, com 11 úlceras diferentes, no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), em 2013, e três no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), em 2016 – que utilizaram o Rapha, lâmina de látex e emissor de luz de LEDs, e apresentaram cicatrização total das úlceras. Está previsto o tratamento de mais 20 pacientes do HRC.
\”O projeto já está concluído. Está em fase de teste em humanos. Estamos fazendo um estudo para poder avaliar o grau de cura em 15 pacientes. O nosso objetivo é que seja incorporado pelo SUS e já estamos em contato com o Ministério da Saúde\”, afirmou Suélia Rodrigues.
A terapia com LED, mais barata do que a feita com laser, é baseada na habilidade da luz em alterar o metabolismo celular, como resultado da sua absorção pelas mitocôndrias, que realizam a respiração celular. Os efeitos primários e secundários da radiação promovem efeitos analgésico, anti-inflamatório, antiedematoso (combate o edema) e cicatrizante.
A associação do equipamento com uma cobertura de látex natural estimula o processo de cicatrização de feridas abertas. A biomembrana, usada como cobertura da úlcera, pode ser descartada em lixo comum após o uso, sem prejuízo ao meio ambiente. A lâmina de látex possui microfuros para evitar o acúmulo de exsudato (fluido inflamatório das feridas).
\”Estamos começando a implementar a documentação para viabilizar a comercialização do produto. A ideia é fazer parceria com alguma empresa para a produção do Rapha a fim de colocá-lo no mercado\”, disse a engenheira Yasmin Macedo.
Ainda segundo ela, o sistema tem uma aplicação muito vasta. \”A gente está testando com pés diabéticos porque são os pacientes que a gente tem no HRC. Mas ele tem vários tipos de aplicação, em queimaduras, em úlcera de pressão (lesão causada por insuficiência do fluxo de sangue e da irritação da pele localizada sobre proeminência óssea), em dermatite (reação alérgica da pele), por exemplo.\” Yasmin acrescentou que um dos principais objetivos da utilização desse sistema é a desospitalização dos pacientes. \”No caso, atendemos os pacientes do HRC, onde há uma fila muito grande e existe uma dificuldade para atender essa demanda\”.
Tratamento domiciliar – O aparelho conta com um aplicativo de Tecnologia Assistiva (TA) que monitora a evolução do processo de cicatrização. O paciente em casa tira fotos da lesão pelo celular diariamente, o profissional que realiza os cuidados faz a avaliação visual remota da evolução da ferida, comunicando ao paciente que retorne ao local onde é atendido, caso necessário.
“A inserção de TA para dispositivos móveis (smartphones) melhora a interação profissional-paciente e permite guardar dados para estudos futuros, possibilitando não somente um auxílio para a cura, mas também um avanço nos índices de promoção de saúde e qualidade de vida do paciente”, dizem os responsáveis pelo projeto.
Saiba+
O projeto, iniciado em 2008 e que vem sendo aperfeiçoado continuamente, ganhou o nome Rapha em 2015 e passou a ser desenvolvido por um grupo multidisciplinar de 16 alunos de graduação e mestrado, coordenado pela professora doutora Suélia Rodrigues e gerenciado pela engenheira Yasmin Macedo, tendo como objetivo principal o tratamento de úlceras provenientes de diversas moléstias, além do pé diabético.
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