É em um quiosque situado no centro de Taguatinga que o advogado Carlos Silva, 42 anos, acompanha diariamente as obras do futuro túnel. Para ele, se tornou um hábito tomar cafezinho e observar o andamento dos trabalhos. “Isso aqui, quando ficar pronto, será uma maravilha. Do jeito que estava, não tinha mais condição de ficar”, avaliava ele no sábado (27), quando conversou com a equipe do Brasília Capital. Naquele dia, mesmo debaixo de chuva, os trabalhos seguiam a todo vapor.
A passagem, que custará R$ 275,7 milhões aos cofres públicos, vai desafogar o trânsito na parte central da cidade a partir do final de 2022, quando deve ser concluída. Por lá, passam, diariamente, 135 mil veículos. Com isso, o motorista que chegar pela Estrada Parque Taguatinga (EPTG) passará pelo túnel e seguirá até o início da Via Estádio, saindo logo após o viaduto da Avenida Samdu.
Aqueles que trafegam no sentido contrário, a caminho do Plano Piloto passando pela Avenida Elmo Serejo, vão entrar pelo túnel e sair na EPTG. Ainda fazem parte do pacote viário para a região melhorarias nas vias marginais, que darão acesso às avenidas Comercial Sul e Norte e Samdu Sul e Norte. O túnel trará economia de tempo, alternativas de percursos e mais opções para quem utiliza o comércio local.
O túnel no centro de Taguatinga terá uma extensão de 1.010 metros. Nos primeiros sete meses de trabalho, o serviço avançou em 14% de execução. Foram feitas as paredes diafragma, a mureta guia, que tem como função guiar o guindaste Clam Shell para esse trabalho, e a parte de concretagem.
O mês de fevereiro mal acabou, mas, segundo a previsão do Consórcio Novo Túnel, que executa a obra, estava previsto para aquele mês duas etapas. A primeira seria a demolição da passarela de acesso à estação do Metrô, com a execução das paredes diafragma no sentido Sul—Norte— Centro.
A segunda é a execução da parede diafragma Sul, em um trecho de aproximadamente 450 metros. Em março, os trabalhos continuam nas paredes diafragma, que são responsáveis por estabilizar as paredes da cavidade da obra.
Mais de 1,5 milhão de pessoas beneficiadas
As perspectivas com a obra são as melhores. Após concluída, ela vai favorecer cerca de 1,5 milhão de pessoas de Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Sol Nascente e Por do Sol que precisam passar por ali para chegar em casa ou ao trabalho. A expectativa do governador Ibaneis Rocha (MDB) é que a construção gere, até o final, previsto para 2022, aproximadamente 1,7 mil empregos.
“É uma obra muito importante, que estava paralisada e que nós conseguimos, junto ao Tribunal de Contas do DF, resolver o imbróglio que existia. Além de melhorar o trânsito, a obra também trará a revitalização total do centro de Taguatinga, o que vai gerar renda e emprego”, frisou o Ibaneis.
A previsão de entregar o túnel de Taguatinga é para 2022, ano das eleições gerais para os cargos de deputado (distrital e federal), senador, governador e presidente da República. Até lá, o morador daquela região terá de ter paciência para os transtornos que as obras provocam: engarrafamentos, buzinaços, eventuais acidentes e confusão no trânsito e no comércio.
Nada que tire o entusiasmo e o otimismo do taxista Elson Azevedo, 71 anos, cujo o ponto também fica em frente ao futuro túnel. “Esse túnel vai nos ajudar bastante. Vai escoar bem o trânsito que vem da EPTG. A gente leva muito tempo só para sair do ponto e apanhar o passageiro. Se for para o Pistão Sul, então, aí que a coisa complica mais. Mas será temporário”, acredita o morador da cidade, que hoje, para seguir viagem, tem de desviar dos tapumes do canteiro da obra.
Tecnologia sustentável
Apesar do aspecto pouco atraente aos olhos de quem passa, ver e sente os efeitos das obras no centro de Taguatinga, o que pouca gente sabe é que o tipo de tecnologia utilizada ali é sustentável. Ou seja, o consórcio de empresas responsável pela construção do túnel tem empregado materiais que não agridem o meio ambiente e são recicláveis.
O material usado para construir as paredes do túnel são polímetros compostos de macromoléculas formadas por unidades estruturais menores, os monômeros, que são moléculas de baixa massa molecular. O que significa isso na prática? Que o produto é biodegradável e não contamina o solo. “Uma das principais preocupações do GDF é preservar o meio ambiente”, ressalta o secretário de Obras e Infraestrutura, Luciano Carvalho.