Mais de 10% dos professores do DF estão sem condições de dar aula
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Alunos das escolas públicas do DF têm sofrido com a falta de professores. Segundo a Secretaria de Educação, o principal motivo é o excessivo número de atestados médicos apresentados pelos profissionais e o crescente contingente de docentes “readaptados” – mestres que estão na ativa mas que não têm condições de saúde para a regência de classe.
A diretora do Sindicato dos Professores do DF, Gilda Lúcia Camilo, admite que cerca de 80% dos afastamentos é devido ao adoecimento da categoria. “O que está acontecendo é a falta de prevenção das doenças que acometem os professores. A prevenção sairia muito mais barata e causaria menos transtornos ao Estado”, acredita.
Uma média mensal de mil atestados médicos é entregue à Secretaria de Educação. Segundo secretário Marcelo Aguiar, haverá uma sindicância para investigar se existem casos de fraude. Mas a suspeita é descartada por Gilda Lúcia Camilo. “A maioria dos afastamentos é causado por doenças psíquicas, geradas pelas más condições de trabalho”, afirma.
A diretora do Sinpro afirma que o controle da SEDF sobre os atestados é muito rigoroso. “Há uma perícia na qual todos os atestados passam pela junta médica. Existem casos de professores que não têm condições de voltar ao trabalho, e mesmo assim recebem alta prematura, sendo obrigados a voltar ao trabalho”.
Uma professora que leciona em uma escola de Ensino Fundamental em Taguatinga aceitou falar com o Brasília Capital, sem se identificar – todos os profissionais procurados pela reportagem alegam que há uma norma da Secretaria de Educação proibindo-os de dar entrevista. Segundo ela, depressão e problemas vocais são as doenças mais comuns entre os profissionais.
“Vejo meus colegas desenvolvendo doenças graves. Alguns sequer podem ter contato com alunos, por não terem saúde psicológica para lidar com eles”, revela.
Nossa reportagem também tentou conversar com os diretores do Centro de Ensino Médio 1 e do Centro de Ensino Fundamental Telebrasília, do Riacho Fundo I. Em ambos estabelecimentos a alegação foi a mesma: a determinação da Secretaria de Educação proibindo a categoria de falar com a imprensa.
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Em nota, a pasta negou que exista essa proibição, mas admitiu que orienta os profissionais a não darem entrevistas dentro das escolas, para evitar que os alunos fiquem dispersos.
Readaptação
A saga do professor doente não termina quando ele recebe alta médica. De acordo com o Sinpro, cerca de três mil professores – o que representa 10% da categoria – que voltaram ao trabalho este ano precisaram ser readaptados.
“Quando o professor não consegue exercer a sua atividade normal, temos que restringir sua função. Então ele é colocado para trabalhar na biblioteca, em apoio à direção, mas não podem mais ficar em sala de aula, e alguns ficam proibidos de ter contato com os alunos”, diz Gilda Camilo, confirmando a versão da colega de Taguatinga.