Morador de Taguatinga desde os 10 anos de idade – hoje ele tem 61 –, Renato Andrade foi deputado Distrital por dois mandatos e secretário de Relações Parlamentares no governo Agnelo Queiroz (PT), de 2019 a 2020). Em visita à redação do Brasília Capital, ele contou que não estava em seus planos ocupar o cargo até ser convidado pelo governador Ibaneis Rocha. Mas, desde setembro de 2020, tem se dedicado em tempo integral a cuidar da cidade que diz amar. E se orgulha de participar da gestão que mais tem investido na cidade nos últimos 40 anos. Segundo ele, ao fim do segundo governo Ibaneis, em 2026, Taguatinga terá recebido investimentos da ordem de R$ 1 bilhão em oito anos.
Durante a entrevista, Bispo Renato, como prefere ser chamado, garante que, mesmo sendo pastor evangélico, não trabalha apenas para esse segmento religioso. E demonstra isso com a diversidade da programação da festa do 66º aniversário de Taguatinga ao longo de todo o mês de junho. Reitera compromissos do Poder Público local com a regularização do Setor Primavera e a construção do Parque de Taguatinga Sul, a partir de um TAC com a Universidade Católica. Anuncia, ainda, a construção das primeiras duas creches publicas da cidade e de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Taguatinga Sul. Tudo isso sem prejuízo das obras de infraestrutura já em curso, e de outras que devem ser lançadas em breve. Confira a entrevista exclusiva do administrador ao Brasília Capital.
O que Taguatinga tem a comemorar nesse aniversário de 66 anos? – Taguatinga tem muito a comemorar. Nesses 66 anos de história, a cidade nunca passou por um momento de maior transformação do que agora. Nós estamos passando de R$ 1 bilhão de investimentos durante as duas gestões do governador Ibaneis Rocha.
Evidentemente, incluindo o Túnel Rei Pelé. – Sim. Mas tem muitas outras obras grandes, como a Hélio Prates, o Pistão Sul e o Drenar Taguatinga, que é a única cidade do DF que tem um drenar próprio, um investimento que vai passar dos R$ 300 milhões.Com um detalhe importante: os governantes, de maneira geral, procuram apresentar obras feitas por cima. No nosso governo, em Taguatinga, estamos investindo e transformando em baixo, para de fato melhorar a questão dos alagamentos e do trânsito.
Semana passada, o Brasília Capital entrevistou a vice-governadora Celina Leão. Ela falou que um dos presentes para Taguatinga seria a entrega do Centro Administrativo até o final deste ano. O senhor tem alguma informação sobre a data? – É preciso esclarecer que o Centrad não era do GDF. Um consórcio de empresas o construiu e o alugaria ao longo dos anos para o Estado. Agora o governador Ibaneis está fazendo com que, adquirindo isso junto ao consórcio e à Caixa Econômica Federal, o GDF possa ocupar o espaço.
Mas o terreno é da Terracap? – Sim. Então, o governo está fazendo essa retomada, ou compra, para levar para lá órgãos públicos, como a Secretaria de Desenvolvimento Social e uma agência do BRB. Lá, inclusive, tem lugar até para supermercado.
Isso melhoraria o comércio e justificaria o investimento no túnel, feito para facilitar o acesso ao Centrad? – Também. Mas não podemos esquecer que Taguatinga é o coração do Distrito Federal. Antes do túnel, se perdia, em média, pela manhã e à tarde, 40 minutos preso no centro da cidade. Hoje, são exatamente 60 segundos para cruzar o túnel. É a maior obra em mobilidade urbana da América Latina, beneficiando mais de 1 milhão de pessoas que passam ali todos os meses.
E a avaliação de que o túnel transformou Taguatinga em mera passagem? – Não corresponde à realidade. Essas pessoas também usam o sistema econômico de Taguatinga. Temos mais de 30 mil empresas com CNPJ ativo em Taguatinga. Quem chega mais perto de nós é Águas Claras, com umas 12 mil empresas.
Isto torna Taguatinga autossuficiente? – Nós temos cerca de 210 mil habitantes e mais de 300 mil empregos. Isso quer dizer que se toda a nossa população precisasse trabalhar em Taguatinga, teria emprego aqui. Só no ano passado, segundo dados da Câmara de Dirigentes Lojistas, foram assinadas 60 mil Carteiras de Trabalho em Taguatinga.
Esses empregos também geram impostos. O ICMS arrecadado em Taguatinga tem retorno proporcional ao que a cidade arrecada? – Ao longo dos anos, isso não aconteceu. No governo Ibaneis isso está voltando para nós. Basta ver as obras que estão sendo feitas na nossa cidade.
O que encareceu e atrasou a entrega do túnel? – Tivemos problema por causa da infiltração do solo com combustível, gambiarras de ligações de água e esgoto. Então foi refeita toda a rede de águas pluviais do centro de Taguatinga. Foi preciso trocar o esgotamento sanitário paralelo às Lojas Americanas.
Voltando ao aniversário, como será a festa da capital econômica do DF? – Fizemos uma programação para o mês inteiro. Tem cinema na Nova QNL, exposição no Sesc da Comercial Norte e o corte do bolo no Taguaparque, que também terá um circuito de voleibol e festival de rock. Está tudo detalhado no site da Administração.
Há algum privilégio para os eventos gospel? – Eu sou pastor evangélico há mais de 40 anos, mas sou gestor público desde os dezoito anos de idade. Não administro para uma religião. Administro para a população. Eu não construo a cidade com apenas um segmento. Eu só consigo construir uma cidade contando com as crianças, adolescentes, jovens, homens, mulheres, independentemente de religião. Portanto, na nossa programação, todo mundo está sendo agraciado e pode participar.
Faça um rápido balanço das suas realizações na Administração – A maior obra, sem dúvida, é o Túnel Rei Pelé. Inclusive, estamos entregando novas obras do Boulevard. Fazendo alguns ajustes, como a entrada do túnel, que estava causando engarrafamentos. Mudamos o trânsito local, com faixas numeradas. Isso será feito também no sentido inverso. Fizemos a recuperação de sistemas de águas pluviais, a Hélio Prates e o Centro de Taguatinga. No Pistão Sul fizemos uma obra do DER com recursos da Caixa Econômica de quase R$ 50 milhões, com ciclovia e recapeamento da via. Aí eu descubro que o projeto não tinha águas pluviais. Decidi não receber a obra sem águas pluviais. Vencemos essa queda de braço e a drenagem já começou por lá.
Em quanto tempo ficará pronta? – Em 15 ou 20 dias. Não é complicado, porque ali já tem um sistema de ligação. Quem construiu o Pistão, no passado, fez as bocas de lobo jogando a água no sentido Plano Piloto, oposto ao Parque do Cortado. Mas nós brigamos e apresentamos essa solução aceita pelo DER. Já está dentro do contrato que está sendo executado.
Quem anda na cidade tem a sensação de que o trânsito está travado. Quando isto vai melhorar? – Estamos trabalhando no segundo trecho do BRT na Hélio Prates, que vai da Feira dos Goianos até o viaduto Vicente Pires. Está demorando porque tivemos vários problemas. O trecho da Feira dos Goianos até a 17ª DP vai ser entregue nos próximos dias. Aí a gente passa para a próxima etapa.
Aí entra na Comercial Norte. Transtornos à vista? – Vai ter mudanças importantes para reduzir os transtornos. Mas já está tudo planejado pela Engenharia de Trânsito do Detran, em parceria com a Administração.
Os comerciantes têm reclamado da volta dos camelôs. A fiscalização afrouxou? –Quando eu cheguei na Administração, era o período da pandemia. A ordem era fechar tudo. Ok. E o povo vai comer o quê? Quem tinha um salário no final do mês, tudo bem. Quem tinha uma renda, Ok. Mas, e o camelô? Então, tomei a decisão de credenciar cerca de 300 deles, autorizando-os a vender em pontos estratégicos. Nós não liberamos para todos.
Mas existem muito mais de 300 camelôs pela cidade. – É verdade. Mas também é verdade que a gente atua. A fiscalização passa pela manhã, eles voltam à tarde. Por exemplo, no centro de Taguatinga, não autorizamos para ninguém. Queremos que eles trabalhem sim, mas em pontos onde não gerem impedimento ao progresso da cidade.
Ainda no centro, há previsão de construir a calçada da quadra C-8 pelo lado de trás da Avenida Central? – Esta é a nossa intenção. E certamente faremos esta e outras benfeitorias nesse setor.
Como está a reforma e revitalização da Praça do Relógio? – A obra está indo bem. Vamos substituir parte das pedras portuguesas por concreto usinado, construir novos bancos, colocar a fonte e o relógio para funcionar e refazer o paisagismo.
Há alguns anos, foi feito um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com a Universidade Católica para criação de um parque no Pistão Sul. Como anda esse acordo? – Esse parque ninguém viu. E é importante lembrar que a Católica usou aquele espaço por 40 anos sem pagar nada. Eu fui ao Ministério Público exigir que a Universidade pague uma indenização à nossa população, algo em torno de R$ 100 milhões. Outra benevolência do Estado era para a UCB ceder bolsas de estudo para alunos carentes. Só falta saber onde estão essas bolsas.
Existe mais algum investimento previsto para Taguatinga? – Sim. Vamos fazer uma nova sede para Administração Regional, mantendo o atual padrão arquitetônico por fora. Também vamos construir a primeira UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade. Já estamos escolhendo a área, em Taguatinga Sul. Estamos regularizando o Setor Primavera. Entramos na fase final de escrituração. Na Educação, asseguramos a construção de duas creches públicas, uma na QNJ e outra dentro da Escola Classe 52, que foi entregue no nosso governo. Cada creche vai atender cerca de 400 crianças. Na Segurança, depois da obra na 17ª DP, vamos reconstruir a 12ª DP e fazer um novo quartel da Polícia Militar onde funcionou o antigo Buritinga.
Mas não são obras da Administração Regional. Por que? – Eu tomei a decisão de não licitar nenhuma obra em Taguatinga. Não temos pessoal nem capacidade técnica para isso. E também para evitar problemas. Historicamente, a Administração de Taguatinga sempre foi palco de muitas intervenções por ações mal explicadas. Então, como eu não sei fazer, e não tenho pessoal para fazer, minha obrigação é buscar recursos e projetos no DER, no Detran, na Novacap e em outras instâncias do governo. Eu tenho parceria da Secretaria de Obras, recursos da Terracap para nos ajudar a financiar, a Secretaria de Mobilidade, os nossos deputados distritais, federais e senadores para encaminhar emendas parlamentares.
Nesse sentido, quais parlamentares são amigos de Taguatinga? – Gabriel Magno, Max Maciel, Jorge Viana, Wellington Luiz, Dayse Amarílio. Na legislatura passada, Reginaldo Veras, Agaciel Maia, Arlete Sampaio. Mas tem outros que a gente pede, cobra e só aparecem de quatro em quatro anos. São deputados bissextos. Só vêm aqui pedir voto.
Defina sua relação com Taguatinga em uma palavra. – Amor.
Como é estar à frente desta cidade que o senhor tanto ama? –Taguatinga hoje é uma das minhas prioridades. Estou aqui desde os dez anos de idade, cresci aqui. Meu primeiro sonho era acabar com os alagamentos. Como deputado por dois mandatos não consegui. Como secretário de Estado, não consegui. E agora, na Administração Regional, estou conseguindo.
Mesmo com essa dedicação, não faltam pessoas reclamando da gestão? – Em geral, são pessoas de partidos de oposição ou líderes comunitários atrás de emprego. Mas eu tenho uma decisão: não dou emprego para líder comunitário. Quer ser líder comunitário? Vai cuidar da comunidade, vai lutar pela causa da comunidade. Então, são essas pessoas que nos criticam.
Mande uma mensagem de amor a Taguatinga pelo aniversário de 66 anos. – Eu me dirijo à minha querida Taguatinga para dizer que jamais sonhei em ser administrador regional. Não era o meu foco e não é o meu perfil. Mas, no momento em que eu fui acionado pelo governador Ibaneis para a função, passei a me entregar de corpo e alma ao projeto de cuidar da minha cidade. A cidade onde mora a minha família, onde estão os meus amigos, onde eu estudei no CETN, na Escola Classe 30, onde tive o meu primeiro escritório de advocacia. Então, Taguatinga é um amor muito importante na minha vida. Por isso me dedico em tempo integral. Não estou na Administração pelo salário de administrador. Estou ali pelo futuro dos nossos filhos, dos nossos netos e bisnetos. Eu quero uma qualidade de vida muito melhor para todos nós. Amanhã, quando eu estiver andando de bengala, quero poder dizer: eu trabalhei por esta cidade, que terá rotas de acessibilidade para as pessoas idosas ou com deficiência. É por tudo isso que eu só quero cuidar da minha, da nossa cidade.