A depender do nível de tensão das equipes dos presidenciáveis ao longo do dia de ontem, o último debate entre os candidatos ao Planalto, marcado para hoje à noite, na TV Globo, será o encontro mais agressivo de todos os que ocorreram até o momento. Mais do que nunca, a candidata do PSB, Marina Silva, estará no centro dos ataques de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), ambos com esperanças matemáticas distintas. A petista vai se empenhar para decidir a eleição no domingo. O tucano terá no confronto direto uma chance real para ser ele, e não a socialista, a cacifar-se para a disputa de segundo turno no fim de outubro.
Os candidatos preparam-se para uma guerra hoje, a partir das 22h50. A presidente Dilma Rousseff passou a quarta-feira reunida no Palácio da Alvorada com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante; da Previdência Social, Carlos Gabbas; da Comunicação Social, Thomas Traumann; e com o coordenador de mídias sociais da campanha, Franklin Martins. Checou e rechecou dados e números. Continuará o treinamento intensivo hoje, no hotel em que estará hospedada no Rio de Janeiro.
“Vamos bater na incoerência da Marina. Deu certo até agora, para que mudar? Teremos uma parte reservada para o Aécio também”, admitiu um aliado da presidente. A campanha está munida com trackings internos que mostram Dilma com uma vantagem de oito pontos percentuais no segundo turno sobre Marina e 19 à frente de Aécio. “Nas nossas pesquisas internas, Aécio segue crescendo. Claro que, se ele se sair excepcionalmente bem no debate, ganha fôlego. A rigor, esse encontro vale muito mais para ele que para nós”, explicou um interlocutor dilmista.
Desconstrução
Aécio fez campanha ontem em São Paulo mas, no fim da tarde, reuniu-se com o QG da campanha. Os articuladores apontaram muito pouco para as armas que o tucano empunhará na noite de hoje. “O segredo para qualquer estratégia dar certo é a surpresa”, despistou um assessor aecista. Candidato a vice na chapa do PSDB, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) declarou ao Correio que o embate direto se dá com mais eficiência no segundo turno do que no primeiro. “O modelo atual de debate prejudica a discussão política porque o encontro está cheio de candidatos que não são uma opção real para o eleitorado”, acrescentou.
De qualquer maneira, Aloysio ressaltou que a tática de desconstrução de Marina e de associá-la ao PT de Dilma Rousseff deu certo e que, por isso, não serão alterados o tom crítico e a agressividade para que a mensagem seja assimilada pelos eleitores e telespectadores.
A preocupação do estafe marineiro é com a voz da candidata. Desgastada pela longa campanha presidencial, a candidata socialista já apareceu com a fisionomia cansada, e seus aliados atribuíram a isso o resultado abaixo do esperado no debate da TV Record. Segundo o coordenador-geral da campanha, Walter Feldmann, ela vai ficar estudando hoje para com ele, ao lado de João Paulo Capobianco e Eduardo Gianetti da Fonseca.
Estava prevista para o início da noite de ontem uma reunião para discutir estratégia em um eventual segundo turno. O Correio apurou que o comando da campanha admite que faltou “militância ao longo do primeiro turno”. Além disso, alguns socialistas reclamaram que Marina demorou muito tempo para responder aos ataques e que, em uma campanha curta como é o segundo turno, a presidenciável precisará ser mais ágil nas reações.