A fundação do jornal Última Hora pelo jornalista Samuel Wainer, no Rio de Janeiro, em 12 de junho de 1951, com altos salários e escolha dos melhores profissionais de outros jornais que até então sobreviviam de \”bicos\”, constituiu verdadeira revolução no meio empresarial das publicações brasileiras e protestos, entre os quais da modesta Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda, e que tudo levava a crer morria de inveja pelo bem-sucedido Wainer, seu ex-amigo de adolescência, contra quem nunca desistira dos vigorosos ataques na tentativa de provar que o dono de UH tinha nascido na Bessa rábia e, como tal, ficava proibido de comandar um jornal brasileiro.
Lembrando o aforismo \”enquanto os cães ladram, a caravana passa\”, o transatlântico UH navegava de vento empopa, liderando a audiência absoluta de leitores. Foi mais ou menos por essa época que ingressei na equipe de repórteres especiais, por indicação do chefe de reportagem Pery Augusto, onde complementei o meu aprendizado jornalístico sob o comando de SW, que fazia reuniões de pauta com seus repórteres todas as manhãs, às sete horas em ponto, à guisa de aulas de jornalismo. Desde então,acompanhei todos os trâmites de glórias da empresa, que chegou a ter um vespertino diário similar em São Paulo, além de uma edição nacional que era localizada em nada menos de seis capitais brasileiras.
Sempre perseguido e rotulado como \”comunista\”, simplesmente porque editava um jornal nacionalista, finalmente Samuel Wainer foi obrigado a fugir e se exilar na Europa após o golpe militar de 64. Em 1971 negociou em Paris a venda do acervo da Última Hora para a empresa Folhada Manhã S/A, que era dona da Folha de São Paulo.
Anos depois, com o advento da anistia, por ironia do destino, cruzei com SW na redação da Folha de São Paulo. Mas ele não me reconheceu, até porque não era dado a afagos a quem não fazia parte de seu restrito grupo de amigos, como era o meu caso!
Samuel Wainer faleceu em São Paulo a 2 de setembro de 1980. E deixou sua autobiografia gravada, \”Minha Razão de Viver\”, à guisa de herança aos três filhos: Pinky, Bruno e Samuel Wainer Filho.