Brasília recebeu 54 mil turistas estrangeiros em 2023. Os dados da Embratur revelam um crescimento de 75,3% em relação ao ano anterior, mas ainda não alcançou o desempenho pré-pandemia, quando a cidade recebia cerca de 75 mil visitantes estrangeiros/ano.
O crescimento de turistas na Capital Federal segue o mesmo comportamento do fluxo verificado no Brasil. Em 2023, foram 5,9 milhões de estrangeiros, 64% acima do ano anterior. Antes de retornar aos seus países de origens, deixaram por aqui R$ 34 bilhões.
Estima-se que, desse total, R$ 311 milhões tenham sido injetados na economia brasiliense. Só para se ter uma ideia do que representa esta cifra, ela equivale ao que será gasto para ampliar a linha do metrô até a Expansão de Samambaia.
Tanto para o Brasil, quanto para o DF, é um montante significativo, que não deve ser menosprezado pelas autoridades e agentes econômicos. Um maior empenho para colocar Brasília nas rotas tradicionais do turismo internacional é urgente. Dentre as 27 unidades da Federação, a capital é o décimo destino mais procurado.
A origem dos que visitam o Brasil se diferencia dos que chegam ao Planalto Central. Enquanto nacionalmente a Argentina segue sendo o principal país emissor de turistas, para Brasília quem se destaca são os norte-americanos (17.756). Depois deles, portugueses (7.383) e peruanos (5.532). Os argentinos, apesar dos voos diretos para Buenos Aires, estão em quarto lugar. Em 2023, apenas 3.600 hermanos desembarcaram no Aeroporto JK.
O Turismo, assim como toda atividade econômica, não pode perder oportunidades. No mundo inteiro, países e localidades buscam atrair mais turistas, pois os visitantes injetam recursos na economia local, geram empregos e desenvolvimento sustentável.
Deu no New York Times
Há localidades que são figurinhas carimbadas: Roma, Paris, Madri, Vaticano… recebem milhões de visitantes por ano, sem qualquer esforço. Outras, como Brasília, ainda brigam por um lugar ao sol.
Símbolo do modernismo arquitetônico, a capital brasileira ainda não conseguiu entrar no imaginário social dos gringos. Os agentes públicos e econômicos da cidade não têm sabido aproveitar as oportunidades que aparecem.
Recentemente, o The New York Times, tradicional jornal norte-americano com 3,4 milhões de assinantes on-line e tiragem impressa de 320 mil exemplares, elencou Brasília como um dos 52 melhores destinos turísticos em todo o Planeta.
Foi a única cidade do Brasil apontada. Como diferencial, “a arquitetura futurística e modernista”, “uma cidade sombreada por flamboyant” a “reabertura à visitação de joias arquitetônicas”, “retiradas a grades de ferro entorno dos palácios”.
É uma visibilidade pública sem precedentes. Momento para que o GDF, a Embratur e os agentes de turismo providenciassem imediatamente atividades para mobilizar agências de turismo nos EUA e cativar turistas. Nada foi feito. Nem mesmo tours especializados para estudantes e profissionais de arquitetura é disponibilizado.
Em março do ano passado, Brasília ganhou uma rota direta para o Peru, o que deve explicar o afluxo de peruanos para o Planalto Central, e, em junho, será a vez de uma conexão para Santiago, no Chile.
Os chilenos são o quarto povo a visitar o Brasil: 1,920 milhão no ano passado. Quando o destino é Brasília, eles nem aparecem na tabela das doze nacionalidades mais presentes.
Para potencializar a chegada de novos visitantes, esses dois voos demandariam a promoção de feiras, road shows, campanhas publicitárias. Ações para que mais peruanos e chilenos viessem conhecer as belezas de Oscar Niemeyer e Lucio Costa.
Não há, contudo, qualquer iniciativa planejada nesse sentido. Consultados, secretaria do Turismo do DF, Brasília Convention Bureau e Embratur não elencaram nenhuma atividade nesse sentido.
O Convention Bureau alega que seu foco prioritário e fazer com que mais brasileiros conheçam sua capital: o chamado turismo cívico. A Embratur informa que realizou, em parceria com o Sebrae, em maio e dezembro de 2023, duas press trip com comunicadores da Argentina, Chile e Peru. A secretaria de Turismo do DF nem respondeu. A Inframérica pretende fazer atividades apenas em Buenos Aires.