O Governo de Brasília enfrenta novas turbulências. Uma veio do descaso de várias outras administrações anteriores, culminando com o catastrófico desabamento do viaduto no Eixão Sul, sobre a Galeria dos Estados, que, afortunadamente, não fez vítimas. Outra, surge da intenção de fazer de conta que Rollemberg está cumprindo uma de suas mais caras promessas de campanha: A eleição direta para administradores regionais.
À imagem horripilante de parte de famosa via despencada sobre carros e um restaurante, soma-se agora o jogo de empurra dentro do GDF. Nenhum órgão quer assumir a responsabilidade pela falta de conservação de obras e monumentos históricos da cidade. Então, nada mais natural do que a entrada em cena da Câmara Legislativa, onde surgem movimentações para se instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o porquê e quem são os responsáveis por tamanho desastre. O cenário para mais um embate entre as forças políticas a favor e contra o governador está armado.
Embora haja a possibilidade de utilização do argumento de que o descaso com a manutenção de pontes, viadutos etc. seja uma constante durante vários anos e governos, o atual tem sua parcela de responsabilidade. O jogo de empurra entre órgãos do GDF brigando entre si, você lê na página 4 da presente edição. Quando as autoridades negam responsabilidade com a gestão pública, o que resta a fazer? Um exemplo: o deputado distrital Raimundo Ribeiro (PPS) diz que o viaduto “já estava na lista de alerta da Defesa Civil”. Então, por que nada foi feito?
No caso da embromação, que também gera polêmica no Legislativo, está projeto gestado por Rollemberg que prevê eleição direta para os administradores regionais sem antes fazer os devidos ajustes, como expõe de forma clara o colunista Chico Sant’Anna, na página 10. Além do que precisa ser providenciado antes, ele traça um histórico do que se transformaram esses órgãos do GDF: no geral, são cabides de emprego de aliados políticos do governador e de parlamentares de sua base aliada.
O colunista chega a chamar a proposta de “cortina de fumaça”, porque não resolveria de melhor forma os problemas nas administrações, nem daria os mecanismos necessários à democracia direta – que ele defende – para que ela seja de fato exercida. Para salientar o que considera apenas jogo de cena, Chico Sant’Anna ressalta que, do jeito como está o projeto, sequer cumpre aquela promessa de campanha de Rollemberg.
Na verdade, estas são apenas mais duas das turbulências que pairam sobre o Buriti. As outras são constantes e provocam desespero em todos os moradores do Distrito Federal: falta de segurança, educação, saúde mobilidade etc. ― aquela lista principal de promessas de todo candidato em campanha. Além de enfrentar tantas deficiências administrativas, a população precisa conviver com polêmicas como as que expomos neste Editorial.