Quem passa pela grandiosa obra do túnel de Taguatinga não imagina o que as 1,7 mil pessoas empregadas – direta e indiretamente – fazem para que a estrutura seja erguida. Além de aço, concreto, máquinas e operários, o Governo do Distrito Federal investe em tecnologia e técnica sustentável, com o uso de materiais que não agridem o meio ambiente e são recicláveis. No total, são investidos R$ 275 milhões, recursos oriundos de contrato de financiamento firmado pelo GDF com a Caixa Econômica Federal.
1,7 mil – Total de empregos, entre diretos e indiretos, gerados com a obra
Na fase de construção das paredes, os profissionais utilizam, para a escavação, polímeros (macromoléculas formadas por unidades estruturais menores, os monômeros, que são moléculas de baixa massa molecular), que dão suporte à estabilização do solo – o que evita desmoronamento.
“O produto é biodegradável, ou seja, não contamina o solo”, ressalta o secretário de Obras e Infraestrutura, Luciano Carvalho. “Uma das principais preocupações do governo local é preservar o meio ambiente”.
O produto é armazenado em 13 tonéis com capacidade de 28 a 33 metros cúbicos. Segundo a engenheira Alinne Pires, que atua na fiscalização da obra, os grandes barris têm outra função, além de estocar a substância. “São o local onde o produto é preparado”, explica. “Quando chega à consistência adequada – parecida com a da água –, retiramos para utilizar na obra. Depois do procedimento, tiramos para ser aproveitado nas escavações”.
Também são utilizados seis guindastes modernos para o processo de escavação, que atinge de sete a 20 metros de profundidade. Ágeis, os equipamentos têm 22 metros de altura, enquanto os mais antigos – da década de 1990 – têm 18 metros. “Não é normal para a realidade das obras de Brasília ter esse tipo de tecnologia”, valoriza Luciano Carvalho. “Estamos usando as ferramentas adequadas para uma obra desse porte”.
R$ 275 milhões – Recursos investidos, oriundos de contrato de financiamento firmado pelo GDF com a Caixa Econômica Federal
Usina própria
Construção projetada para ser concluída em dois anos, o túnel de Taguatinga vai demandar uma quantidade imensa de concreto. Para viabilizar e dar mais agilidade aos serviços, uma usina de concretagem está sendo montada, próximo ao canteiro de obra.
Por dia, são utilizados 120 metros cúbicos de concreto, o que equivale à produção de 15 caminhões-betoneiras –tipo de veículo apropriado para receber o concreto usinado da central dosadora e transportá-lo até o local de aplicação nas obras. Por enquanto, o fornecimento está sendo feito por uma usina localizada na Asa Norte.
“Ter o material ao lado facilita a logística de trabalho, principalmente quando trabalhamos em um horário que não é comercial, como à noite, por exemplo”, lembra Luciano Carvalho.
Etapas
Cumprindo o cronograma de obras, a construção das paredes segue a todo vapor. “Essa é uma etapa na qual a chuva não compromete a execução das atividades”, assegura Alline Pires. “Temos uma equipe bem-preparada, e somente no caso de temporal com raios é que vamos paralisar os serviços para garantir a segurança dos funcionários”.
Os operários trabalham na construção das muretas guias – que, conforme o nome indica, têm como principal objetivo nortear a máquina durante o processo de execução da estrutura. Serão quatro paredes com 1,20 metro de largura e 1,40 metro de profundidade, cada uma erguida a partir de 70 metros de escavação. A previsão é que sejam usados 90 mil metros cúbicos de concreto nessas estruturas
Alívio no trânsito
Com expectativa de entrega para fevereiro de 2022, o túnel de Taguatinga vai melhorar consideravelmente o fluxo de quem segue para Ceilândia, via Avenida Elmo Serejo, além de oferecer alternativa, pela superfície, para o centro da cidade. Isso evitará a retenção de milhares de veículos nos semáforos, reclamação antiga de moradores e frequentadores da região.
Com a conclusão da obra, os carros que estiverem na Avenida Elmo Serejo, sentido Plano Piloto, vão entrar pelo túnel e sair na Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Do outro lado, aqueles que chegarem a Taguatinga pela EPTG também passarão pela ligação subterrânea até o início da Via Estádio, saindo logo após o viaduto da Avenida Samdu. Vias marginais darão acesso às avenidas comerciais e Samdu Sul e Norte.
A previsão é que também seja construída uma área arborizada com foco em pedestres, ciclistas e comerciantes. Ciclovia, quiosques e corredor do BRT devem fazer parte do boulevard, que modernizará o centro de Taguatinga.
População aprova
Pesquisa encomendada pelo GDF aponta que 86,9% da população aprovam a construção do túnel. Na percepção dos entrevistados, a obra vai facilitar o trânsito e o transporte na região. Na opinião de 78,8%, os transtornos causados pela construção serão compensados assim que a obra for concluída. Para se ter uma dimensão da importância do túnel, trafegam pela via, diariamente, 135 mil veículos.
Os dados da pesquisa foram coletados entre 8 e 10 de agosto pelo Instituto Exata Opinião Pública, que ouviu 915 moradores de Ceilândia, Taguatinga e Samambaia, as três principais regiões administrativas (RAs) beneficiadas pelo túnel. Dos entrevistados, 51% são do sexo masculino e 49% do sexo feminino; 36% pertencem à faixa etária de 27 a 37 anos; 43% são da classe D e 48% moram em Ceilândia. A margem de erro da pesquisa é de 3%, para mais ou para menos.