Superlotação e poucos ônibus levam passageiros a optar pelas vans, oficialmente proibidas de operar no DF
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O transporte pirata voltou a tomar conta do centro de Ceilândia. A cada cinco minutos, em média, vans clandestinas encostam nas paradas, anunciam o trajeto e pegam os passageiros, que seguem para diversos pontos da maior região administrativa do DF e para cidades próximas, como Samambaia e Taguatinga. Até o fechamento desta edição, a Secretaria de Transportes do GDF não havia respondido ao Brasília Capital sobre a atuação dos piratas.
A dona de casa Lucina Graia, 54 anos, revela que prefere o transporte irregular. Segundo ela, as vans passam com maior frequência do que os ônibus e fazem itinerários que o metrô não atende. “Os ônibus demoram muito e estão sempre superlotados. E a linha do metrô não chega nem perto dos lugares para onde preciso ir”, critica.
Jefferson Soares de Melo Júnior é motorista de transporte irregular há quatro anos. Segundo ele, o aumento da pirataria aconteceu por causa do crescimento dos condomínios que não têm linhas de ônibus regulares. “Foram criados muitos condomínios em Ceilândia nos últimos anos e o sistema convencional de transporte público não atende à demanda. Daí surgiram brechas para o transporte clandestino”, avalia.
A auxiliar de serviços gerais Diana Farias, 33 anos, destaca que um dos pontos favoráveis ao transporte pirata é o horário que eles começam a circular. “Às quatro da madrugada já tem van passando, enquanto os ônibus só começam a rodar depois das 6h. Pego a van e não chego atrasada no meu trabalho”, explica.
De acordo com o motorista Jefferson Soares, a pirataria não está preocupada em driblar a fiscalização, que é feita constantemente. “Existe fiscalização, sim. Todos os dias somos multados, mas pagamos as multas e continuamos rodando. Precisamos trabalhar. Sustentamos nossas famílias com esse trabalho. Queremos ser regularizados”, ressalta.
Conforto – Equipada com TV, DVD, bancos reclináveis e ar-condicionado, uma das vans clandestinas que fazem o trajeto Ceilândia Centro / Sol Nascente aposta no conforto para atrair os passageiros cansados do aperto do transporte regular. “Só ando de van. É muito mais confortável e rápido. Os ônibus, principalmente os micro-ônibus, vêm lotados demais”, relata o pedreiro Manoel dos Reis, morador do Condomínio Por do Sol.
O motorista de transporte pirata Jefferson Soares denuncia que as cooperativas responsáveis pelas linhas de Ceilândia não regularizaram a documentação da maioria dos micro-ônibus. “As vans piratas pelo menos andam com documentação e IPVA em dia. Muito diferente dos micro-ônibus, que além de não atenderem a população com qualidade, ainda circulam sem documentação”, afirma.
Carros de passeio – Não bastasse ter que concorrer com as vans piratas, as empresas de transporte público também têm que lidar com os motoristas de carros de passeio, que aproveitam o trajeto para o trabalho para pegar passageiros pelo caminho. Leandro Rodrigues confessa que não se importa de pegar “carona” no carro de passeio. “Eles, geralmente, cobram o mesmo valor da passagem. Eu prefiro ir de carro. Não dá para ficar esperando esses ônibus, que nunca passam no horário”, admite.