O Estado é – ou deveria ser – laico, mas as leis parecem ter saído de algum diário de fervoroso defensor das pautas religiosas.
Agora, trata-se de igualar o aborto a um homicídio, o que leva a acreditar que, de hoje em diante, pode-se esperar qualquer lei que tire do cidadão o direito de levar a vida da maneira que acredita ser a correta.
Com a aprovação desta lei, o país laico coloca no mesmo nível um assassino que mata com requintes de crueldade sua esposa e os pais de uma criança de dez anos, estuprada por alguém da família.
É, no mínimo, desumano que alguém decida ser natural uma menina de dez anos colocar outra criança no mundo.
Isso sem falar na quantidade de falsos argumentos usados pelos defensores da lei.
Uma senadora que pretende ver pais na cadeia, tempos atrás, defendeu seus pontos de vista com a denúncia de uma organização criminosa na ilha de Marajó que praticava as maiores aberrações contra crianças.
Seria um bom argumento. Mas, pelo visto sem provas, dado que nunca mais falou no assunto.
O que se inventará agora para transformar o Brasil, de país laico, em país cujos cidadãos não têm direito a proteger suas filhas?