Em artigos anteriores do exclusivo projeto de marketing político internacional “Tour Eleições das Américas”, da Viés Marketing Estratégico, analisei presencialmente, sob o viés prático e científico das estratégias do marketing político, as eleições democráticas do Chile, Costa Rica, Paraguai, Colômbia e México.
Nesses textos, eu fazia as seguintes perguntas: “Qual será o futuro do Brasil? O mesmo que levou à vitória da centro-direita chilena, paraguaia e colombiana? O mesmo como com a vitória da centro-esquerda costarriquenha e mexicana? Ou nosso futuro estará nos extremos duramente opostos? Qual dos comportamentos eleitorais das Américas seguiremos, e quais estratégias de marketing e comunicação eleitorais serão utilizadas pelas campanhas?”
Após meses de acompanhamento e análise da política, da sociedade e das pesquisas eleitorais brasileiras, as respostas parecem ter se configurado mais claras e objetivas. A figura do anti-herói define as duas escolhas que serão feitas, em massa, nas urnas neste domingo. Ao que tudo indica, a escolha brasileira para a presidência da República se dará entre os extremos duramente opostos e igualmente sectários da política nacional: Bolsonaro (PSL) e Haddad (PT).
Esqueçam os discursos conciliadores, esqueçam ideologias, esqueçam o personalismo dos candidatos. Esqueçam apoios políticos e tempo de TV. Aliás, a TV funcionou bem para tornar Haddad conhecido, amado por muitos por representar Lula e, em seguida, odiado. Não funcionou para Alckmin até aqui, e pouco importou para Bolsonaro, que quase não teve tempo.
A grande causa do eleitorado brasileiro foi mostrar poder, mostrar que ele pode fazer o que quiser fazer, independentemente das consequências pessoais e nacionais. A sensação de forte poder de emissão de discurso das redes sociais digitais ensejou a certeza de poder nas urnas. O protagonismo do sujeito até então coadjuvante.
Consultar as atualizações dos feeds do Facebook ou as notificações de mensagens do WhatsApp se tornou algo insuportável. Fake News desafiam a inteligência racional e acentuam ainda mais o ódio dos que têm discernimento contra os que facilmente são persuadidos pelo caos da mentira. Por vezes, a mentira sabida é incorporada propositalmente como retórica futebolística, para animar domingos tediosos nos grupos familiares de WhatsApp.
As redes sociais digitais e seus algoritmos aproximativos e uniformizadores das percepções humanas geraram o crescimento do ódio. O ódio une eficazmente. Se saíram bem os candidatos que souberam ser seus melhores porta-vozes em todo o percurso eleitoral.
Lula, e mais recentemente Bolsonaro, há anos empreenderam esforços em criar a figura do “nós contra eles”. Conseguiram e fizeram seus projetos serem os mais amados e mais odiados pela nação brasileira. As duas escolhas do primeiro turno parecem impassíveis de mudança.
Não há retórica que vença o ódio quando o ódio por si só é o que se busca como paixão, como causa a ser defendida. Contrariamente a outras tantas eleições passadas, nestas não votam em candidatos, mas em representações de poder e de visão de mundo, tão somente, independentemente de quem as encarne.
Por isso Bolsonaro, mesmo com todas suas fragilidades intelectuais, é o preferido. Por isso Haddad, mesmo na função de boneco de ventríloquo de Lula, provavelmente chegará ao segundo turno com chances reais de ser eleito.
As últimas sequências das pesquisas eleitorais do Ibope e DataFolha revelaram um dado difícil de aceitar: a soma da votação de Bolsonaro e Haddad no segundo turno é idêntica à soma da rejeição de ambos: 86%. Os mais rejeitados e odiados aparentemente serão os escolhidos para o segundo turno. O ódio venceu? Qual dos ódios vencerá no segundo turno?
Já estamos na capital federal brasileira e acompanharemos todos os acontecimentos, desdobramentos e, como em todas as outras etapas do projeto, nossa movimentação por Brasília será registrada em fotos e vídeos, e compartilhada com todos vocês, nas redes sociais da Viés Marketing Estratégico e exclusivamente aqui, no jornal Brasília Capital.