Um toldo instalado na garagem do Condomínio Chamonix Village, em Águas Claras, virou motivo de briga entre os moradores e foi parar na Polícia. A posição do equipamento instalado no piso 2 do prédio é a razão da discórdia, que avançou para grosserias e troca de acusações e quase chegou às vias de fato no domingo (26).
A briga começou presencial, passou para o grupo de WhatsApp e acabou com o registro de Boletins de Ocorrência nas delegacias do Distrito Federal. Acusações de lado a lado resultaram em processos por calúnia, difamação, agressão, ameaça e outras coisas. Enfim, todo mundo acha que tem razão.
Um vídeo de alguns minutos a que o Brasília Capital teve acesso mostra Agripino (*) se dirigindo à proprietária de um apartamento. Dedo em riste, aparentemente falando alto, ele intimida a mulher. Quem assiste o vídeo e lê o relato dele no grupo de WhatsApp do condomínio contra Abigail (*) se assusta.
Na cena registrada pelas câmeras de segurança, vê-se o homem se aproximar da mulher apontando o dedo para o rosto dela. Abigail vira-se de costas e se encolhe, como se procurasse se proteger. “E se fosse um homem no lugar dela, ele teria essa coragem de ir em cima aos berros intimidatórios, como fez com Abigail?”, questiona uma moradora, que não quis ser identificada.
O fato é que a briga de Abigail, proprietária de uma unidade no Chamonix Village, com Agripino está nas redes sociais. Ela assume que quebrou as presilhas dos toldos porque está cansada da indisciplina do morador que a ofendeu. Declara que queria manter a ordem e o respeito às atuais regras em vigor no condomínio, definidas pelo Estatuto e Regimento.
Cobrava a preservação dos acordos sobre os temas que afetam a comunidade de forma isonômica, como, por exemplo manter a fachada do prédio intacta, conforme as regras internas do condomínio. Insistia nisso diariamente e exigia a retirada dos toldos do piso 2 da garagem ou, pelo menos, enquanto isso não fosse feito, que os toldos permanecessem levantados.
“Os toldos foram colocados na gestão anterior no piso 2, de forma irregular, com a desculpa de impedir a entrada da água da chuva. Porém, ele não impede nada disso e ainda descaracteriza a fachada do prédio, desvalorizando o nosso patrimônio. Decidiu-se que, então, eles iriam ficar sempre levantados pelo menos até nova decisão coletiva sobre o que deverá ser feito com eles. Mas alguns moradores não respeitam a regra”, afirma ela. E completa: “Tanto é irregular que o próprio síndico sempre afixa nos elevadores e murais o aviso de que os toldos devem ficar levantados”.
Agripino, por sua vez, quer os toldos colocados na vaga dele abaixados. E toda vez que vê o toldo de sua vaga levantado, ele abaixa. Abigail vai lá e levanta. Cansada e inconformada com a teimosia do vizinho, no domingo (26), cortou as presilhas que prendem os toldos abaixados na vaga do apartamento do 13º andar.
Foi pega em flagrante pelo próprio morador, alertado pela funcionária da portaria, já previamente orientada a monitorar e avisá-lo quando Abigail chegasse. Nervoso, Agripino já chegou aos berros, conta Abigail. A mulher dele, grávida, também gritava.
Abigail reconheceu que errou, pediu desculpas e providenciou o conserto. Enquanto ela recuou, Agripino usou o grupo de WhatsApp do condomínio e registrou sua versão do ocorrido. O filho dela, que é subsíndico, viu aquilo e pediu ajuda ao síndico para apaziguar a situação. Mas este ficou a favor de Agripino.
Procurado pelo Brasília Capital, Agripino disse, pelo WhatsApp, que sua ideia inicial era não responder ao jornal, “visto que se trata de um problema particular, de observância das partes e do condomínio”. Ele garante que não houve agressão. “Há discussão. Áspera, pelo ocorrido, mas apenas troca de elogios verbais”.
Segundo Agripino, “a discussão se deu após essa senhora, pela segunda vez, entrar na minha propriedade por conta de um toldo. Nessa segunda vez ela realizou a depredação do mesmo com uma faca e um martelo (imagine a cena). Era um domingo, eu e minha esposa (grávida), tivemos que descer para resolver essa situação. Fomos avisados pela porteira (testemunha), que como estava só, não teve como resolver”, escreveu o morador.
Assustada, Abigail, que é advogada, resolveu pedir proteção e registrou ocorrência na Polícia. Em defesa de sua versão, Agripino também foi à delegacia. E, enquanto não sai uma decisão da Justiça quanto a quem tem razão, o barraco continua no Chamonix Village por causa de um simples toldo armado na garagem.
(*) Todos nomes fictícios.