A dengue, a zika e a chicungunya de 2024 são a covid-19 de 2020. Precisamos, todos, encarar o Aedis Aegipyt como enfrentamos o coronavirus. Chega de perder a guerra para um mosquito! Somos seres inteligentes ou amebas?
É inaceitável o ser humano, tido e havido como “a criação mais perfeita de Deus”, sucumbir a um inseto. Não que ele precise ser morto. Nada disso. O Aedis apenas não pode nascer entre nós. E somos nós, os sabidões, que montamos as maternidades para que ele se reproduza livremente.
Chega!
Nossas autoridades não têm mais o que fazer. A mídia emite alertas permanentes: não acumulem água nos jardins, em pneus. Limpem piscinas. No caso do GDF, o governador Ibaneis Rocha chegou ao extremo, na quinta-feira (25), de decretar estado de emergência. O Ministério da Saúde liberou os primeiros lotes da vacina QDenga.
Cobrar mais o quê do poder público?
Chegou a hora de cada um de nós assumir suas próprias responsabilidades. Vamos eliminar os ambientes favoráveis a se tornarem criadouros e, assim, impedir a fêmea do mosquito de porem seus ovos em condições de eclodirem, gerando lavas!
Se nem isso somos capazes de fazer, resta, de fato, o socorro do Poder Público. E é isto que, felizmente, tem ocorrido nos últimos dias.
Juntamente com todas as providências adotadas pelo GDF, o Ministério da Saúde anunciou, na sexta-feira (26), que a vacina será aplicada no público-alvo de regiões endêmicas, em 521 municípios, a partir de fevereiro.
Mas a imunização é só uma parte da série de ações iniciadas ainda em 2023 para enfrentamento da doença. Desde o ano passado, o Ministério da Saúde está em constante monitoramento e alerta para o aumento de casos de dengue no Brasil.
Nesse cenário, a Pasta coordenou uma série de ações para o enfrentamento das arboviroses, intensificou os esforços e reforçou a conscientização sobre medidas de prevenção.
A principal medida de enfrentamento das arboviroses é a eliminação dos criadouros do mosquito. Daí a importância de receber os agentes de saúde, que vão ajudar a encontrar e eliminar possíveis criadouros. São 102.633 Agentes de Combate às Endemias no Brasil (988 no DF).
As regiões de saúde selecionadas atendem a três critérios: têm pelo menos um município de grande porte, ou seja, mais de 100 mil habitantes, com alta transmissão de dengue registrada em 2023 e 2024, e com maior predominância do sorotipo DENV-2.
Com isso, 16 estados e o DF têm localidades que preenchem os requisitos para o início da vacinação a partir de fevereiro. Serão vacinadas as crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalização por dengue – 16,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de 2023, depois das pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi autorizada pela Anvisa.
Esse é um recorte que reúne o maior número de regiões de saúde. O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas. A definição de um público-alvo e regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório fabricante da vacina.
A primeira remessa, com cerca de 757 mil doses, chegou ao Brasil no sábado (20). O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro.
Além dessas, o MS adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024: 5,2 milhões de doses. De acordo com a empresa, a previsão é que sejam entregues ao longo do ano, até dezembro. Para 2025, a pasta já contratou 9 milhões de doses.
O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. O Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a dengue em dezembro de 2023, após análise célere pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS).
Todo o processo foi organizado com Conass e Conasems – órgãos representantes das Secretarias de Saúde dos estados e municípios – seguindo as recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Com o início do período das chuvas e das altas temperaturas, e diante do alerta emitido pela OMS sobre o aumento das arboviroses em razão das mudanças climáticas ocasionadas pelo El Niño, somadas ao cenário nacional de reaparecimento dos sorotipos DENV-3 e DENV-4, o MS coordenou uma série de atividades preparatórias para a sazonalidade de 2024.
Ou seja, as autoridades federais e locais estão fazendo a sua parte. Será que nosotros não seremos capazes de virar um prato d’água ou recolher do nosso quintal? Se não fizermos isto, que moral teremos para cobrar ações dos governantes e das autoridades de saúde?