Teste é feito em 20 minutos. O tratamento é simples quando realizado no momento adequado. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasília
A rede pública de saúde do Distrito Federal é abastecida neste ano com cerca de 17 mil testes mensais para o diagnóstico de sífilis. O número ultrapassa a média mensal de 13 mil em 2016. O enfrentamento da doença — curável, se tratada adequadamente — foi reforçado para conter o avanço no País. Em 2018, tanto os testes quanto o remédio usado, a penicilina, terão maior aporte em Brasília.
O DF está entre os cem municípios que receberão assistência extra do Ministério da Saúde, com o investimento de R$ 200 milhões para a campanha de Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção. O gerente de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) da Secretaria de Saúde, Sérgio D’Ávila, destaca que a sífilis é silenciosa e que a população deve ficar atenta, além de se prevenir. “As pessoas têm feridas, mas que secam em alguns dias. Elas pensam que estão curadas, mas a bactéria está se instalando no organismo e pode levar a sequelas ao longo dos anos.”
Atenção básica
Segundo D’Ávila, quando no momento certo, tratá-la é simples, e a enfermidade, curável. Se ela não for remediada por um longo período, há o risco de deixar sequelas e danos não sanáveis, ou seja, que o tratamento não reverte. De acordo com a pasta de Saúde, o “estoque da penicilina benzatina, medicamento para tratar a patologia, está regular”. A sífilis é tratada no âmbito da atenção básica, portanto, o caminho para fazer o teste é buscar uma unidade básica de saúde (UBS).
Antes mesmo de iniciar o pré-natal, Georgina Oliveira, de 26 anos, submeteu-se à testagem — que deu negativa — na Unidade Básica de Saúde de Brasília nº 11, na Asa Norte. “Fizeram quando eu vim para a palestra que eles dão antes de iniciar o acompanhamento. Me deixou mais tranquila, inclusive quanto ao parceiro, mas principalmente pela saúde do bebê”, conta.
Teste rápido
Os resultados dos testes rápidos disponíveis nas unidades saem, em média, em 20 minutos. Eles são usados como triagem. Caso indiquem positivo, o tratamento é iniciado, e há orientação para que seja feito teste em laboratório. Esse último, além de confirmar o resultado, analisa o nível e o estágio da doença. Sexualmente transmissível, ela pode ser evitada com o uso de preservativos. Além da ampliação dos testes — o que colabora para o aumento no número de casos, com maior detecção da doença —, o gerente de DST pontua que é preciso considerar um possível descuido no uso da camisinha.
Número de casos
No DF, foram registrados 1.117 casos da sífilis adquirida — um dos três tipos existentes — de janeiro a outubro de 2016. De janeiro a 8 de novembro de 2017, são 1.213 registros. No mesmo período do ano passado, a doença foi constatada em 328 gestantes e em 233 bebês na forma congênita (quando a mãe passa para o feto na gestação). Em 2017, identificaram-se 225 mulheres que a contraíram grávidas e 233 transmissões congênitas.
Dados do Ministério da Saúde mostram incremento em todos os tipos de sífilis no Brasil entre 2015 e 2016: a adquirida (27,9%); a em gestantes (14,7%); e a congênita (4,7%). “O crescimento (da DST) em faixas etárias mais jovens pode indicar que o jovem está iniciando sua sexualidade com menos cuidado do que as gerações anteriores”, avalia D’Ávila.
Isso, segundo ele, pode ser associado a uma menor percepção dos riscos: “Muitos autores estudam e associam que as pessoas não veem mais a aids, por exemplo, como uma ameaça porque tem tratamento”. Para o gerente de DST da Secretaria de Saúde do DF, o combate à sífilis deve passar por maior esclarecimento. “A comunidade tem de saber que é tratável e que as unidades têm condições de fazer isso rapidamente.” Além disso, é preciso vencer o tabu das pessoas para buscar o serviço.
O que é
Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é infecciosa e se manifesta em três estágios: primário, secundário e terciário. No início, aparecem pequenas feridas nos órgãos sexuais (cancro duro) e ínguas (caroços).
A transmissão pode ocorrer por meio de relações sexuais desprotegidas (sem o uso de preservativos), por transfusão de sangue contaminado — o que, segundo o ministério, é muito raro por causa do controle nas doações de sangue — e durante a gestação e o parto, quando a mãe infectada passa para o bebê.