O presidente Michel Temer deverá nomear o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) como novo ministro da Secretaria de Governo após a eleição que definirá o presidente da Câmara, marcada para esta quinta-feira (2).
A avaliação no governo é que, se Temer nomeasse Imbassahy antes da eleição, partidos da base interpretariam que o Planalto costurou um acordo para que, em troca do ministério, o PSDB não tivesse candidato a presidente da Câmara e apoiasse a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A Secretaria de Governo, com gabinete no Palácio do Planalto, é a pasta responsável pela articulação política e pela interlocução do Poder Executivo com o Congresso Nacional.
O ministério está sem comando desde novembro do ano passado, quando o então ministro, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), pediu demissão – ele se envolveu em uma crise política com ex-ministro da Cultura Marcelo Calero.
Desde que Geddel – um dos principais conselheiros de Temer – deixou o governo, o próprio presidente e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, assumiram a articulação política do Palácio do Planalto – Temer já foi presidente da Câmara três vezes e Padilha é conhecido por monitorar tendências de votos no Legislativo.
Embora a nomeação de Imbassahy só esteja prevista para agora, desde o ano passado o nome dele passou a ser negociado entre o presidente Temer e a cúpula do PSDB.
Oposição ao governo enquanto Dilma era a presidente, o PSDB passou a comandar três ministérios após o impeachment: Relações Exteriores (José Serra), Cidades (Bruno de Araújo) e Justiça (Alexandre de Moraes). No Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP) assumiu a liderança do governo a convite de Temer.
Paralelamente a isso, o PSDB apoia a reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aliado do Palácio do Planalto, e a eleição de Eunício Oliveira (PMDB-CE) no Senado, um dos principais aliados de Temer.
Divergências na base
Após Imbassahy surgir como possível novo ministro da Secretaria de Governo, partidos da base aliada ao governo na Câmara reagiram de forma negativa ao nome dele. O mal-estar fez com que Temer adiasse a nomeação do tucano.
Nos bastidores, quando o nome de Imbassahy surgiu, alguns deputados avaliaram como uma tentativa do governo de fortalecer o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma vez que, se o PSDB assumisse o ministério, abriria o caminho para o partido apoiar a possível candidatura de Maia à reeleição.
Dentro do PMDB, partido do presidente Temer, também houve reclamações sobre Imbassahy. Segundo assessores do governo, parlamentares da legenda ficaram contrariados com a perda do cargo no primeiro escalão (com a saída de Geddel) e, por isso, passaram a cobrar Temer para que o partido seja compensado.
Eleição da Câmara
Além de Maia, pelo menos outros três deputados que integram partidos da base de apoio a Temer estão na corrida pela presidência da Câmara: Jovair Arantes (PTB-GO), Rogério Rosso (PSD-DF) e Júlio Delgado (PSB-MG) – outro candidato é André Figueiredo (PDT-CE), mas ele faz oposição ao governo.
Segundo o colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti, integrantes do Palácio do Planalto estão preocupados com a pulverização de candidaturas ao comando da Câmara, isso porque o número de candidatos pode aumentar as chances de um segundo turno.
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