Um enorme desafio à gestão do serviço público de Saúde do Distrito Federal é a elaboração e implementação de uma política e práticas de gerenciamento de informações em saúde eficaz. O uso adequado das tecnologias de informação e comunicação (TICs) permite potencializar a produtividade de cada servidor, serviço e unidade de saúde; melhorar o fluxo de atendimento nos diferentes níveis de assistência; gerenciar com maior eficácia estoques, leitos e escalas de plantão; diminuir custos; fazer a gestão de pessoal e, além de tudo; dar transparência ao funcionamento e à gestão da Saúde aos órgãos de controle e ao cidadão comum.
Mas a realidade é que, na prática, ainda enfrentamos obstáculos na estrutura física de rede cabeada e wireless; em redes elétricas ultrapassadas e sujeita a defeitos, que ocasionalmente provocam panes nos sistemas informatizados; no atraso na cultura organizacional que se reflete tanto na gestão das tecnologias de informação e comunicação quanto na capacitação e atualização dos servidores para operar os sistemas; até na recorrente inadimplência com as empresas que fazem manutenção e atualização de equipamentos e sistemas e que fornecem serviços de telefonia e internet.
Até 2014, a produtividade de cada unidade de saúde do Distrito Federal era informação pública divulgada em relatórios anuais na página eletrônica da Secretaria de Estado de Saúde (SES-DF) em tabelas de Excel – o que deixou de ser feito quando começou o atual governo. Depois de três anos de omissão de informações, este ano foi colocada no ar uma sala de situação que traz dados coletados a partir de 2015, com uma forma diferente de detalhamento e com uso de TICs com ênfase no georreferenciamento.
As interfaces do sistema de prontuário eletrônico com módulos de faturamento, laboratório, material e farmácia, bem como o de escalas de plantão são recentes. Ainda não existe uma interface com o sistema de ponto eletrônico nem com o sistema de informação fornecido pelo Ministério da Saúde para uso na Estratégia Saúde da Família, o e-SUS.
O Ministério Público já recomendou mudança no atual sistema informatizado de gestão hospitalar em uso na SES-DF por não oferecer relatórios estatísticos satisfatórios e o Conselho Regional de Medicina já emitiu parecer no qual afirma que o sistema em uso não obedece aos requisitos de segurança estabelecidos no Manual de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde que permitam a eliminação de prontuários físicos.
Fazer as interligações de sistemas e eliminar esses pontos cegos no fluxo da informação é o caminho lógico para permitir uma gestão mais eficiente dos recursos (materiais, intelectuais e humanos), para o estabelecimento de indicadores referenciais de qualidade em serviços e, consequentemente, a melhor avaliação de desempenho do servidor, da unidade de serviço e do conjunto da estrutura do serviço público de saúde do DF.
Outro sistema que precisa urgentemente de aprimoramento nas unidades públicas de saúde do DF é o de segurança. Nele sim o uso de câmeras de vídeo é adequado e necessário, mas mesmo nesse contexto há parâmetros legais e éticos a serem observados para preservar a intimidade dos usuários do SUS e a obrigação de sigilo que existe entre os profissionais e instituições de saúde e os pacientes.