SEEB (*)
O movimento sindical bancário foi às ruas exigir o fim da escala 6 dias de trabalho por 1 de descanso, a taxação dos super ricos e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Os atos foram organizados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras entidades que compõem a Frente Brasil Popular e o Povo sem Medo e ocorreram em São Paulo (SP), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA), Curitiba (PR), Brasília (DF), Aracaju (SE), Dourados (MS) e Porto Alegre (RS).
“A desigualdade reina em nosso país e nós temos que, cada vez mais, lutar para acabar com ela, com a miséria e com a fome, com os privilégios dos super ricos, com aqueles do mercado financeiro que ganham dinheiro com a exploração do povo, que mamam nas tetas do orçamento público, que têm mais de R$ 800 bilhões de isenção e que são contra a isenção do Imposto de Renda pra quem ganha até R$ 5 mil”, destacou a presidenta da Contraf-CUT e vice-presidenta da CUT Nacional, Juvandia Moreira, na manifestação que ocorreu na Avenida Paulista, em São Paulo.
Outro tema que entrou na pauta de reivindicações foi a defesa da soberania do Brasil e do povo brasileiro, diante dos ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após estabelecer uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para aquele país.
Os manifestantes também mandaram um recado à família Bolsonaro, depois da fala do senador Flávio (PL-RJ) de que a anistia “ampla, geral e irrestrita” aos investigados pelos atentados de 8 de janeiro seria passo inicial para negociar com os EUA a retirada de tarifas. “Nós temos que defender o Brasil e a nossa democracia. Sem anistia, sem perdão para golpista”, completou Juvanda Moreira.
ENTENDA – Um estudo da Oxfam Brasil, organização britânica de combate à desigualdade, revela que os pobres pagam, proporcionalmente, três vezes mais impostos que os 0,15% mais ricos da população brasileira, que concentram R$ 1,1 trilhão em renda no país.
Desde meados de março, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 1.087/2025, de autoria do governo federal, para que pessoas com renda de até R$ 5 mil/mês tenham isenção total e pessoas com renda de até R$ 7 mil isenção parcial do IR. Estima-se que 10 milhões de brasileiros serão somados à atual faixa de contribuintes isentos. O governo também afirma que o PL ampliará para 90% o percentual de contribuintes isentos e com descontos parciais no tributo.
Para compensar a perda de receitas com o aumento de isentos e dos que terão descontos no IR, o governo propõe um imposto mínimo de até 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil/mês (600 mil/ano) – o que atingiria somente 141,1 mil brasileiros ou 0,13% dos contribuintes. Mas é justamente por causa deste ponto, sobre o aumento aos mais ricos, que a proposta passou a sofrer resistência no Congresso.
Grupos têm utilizado a grande imprensa e redes sociais para propagar que o aumento de impostos para os mais ricos prejudicará a economia. Mas análises apontam o contrário: que a economia será beneficiada, porque a população afetada pela isenção ou desconto no IR terá mais dinheiro no bolso. Nota técnica da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados estima um impulsionamento, no curto prazo, de pelo menos R$ 10 bilhões no consumo agregado.
(*) Fonte: Contraf-CUT