“Ô calabreso, vamos dar uma arrumada nisso aí. Esse prédio tá horrível! Tem que trocar a fachada, a iluminação, arrumar o jardim”. Esta frase, com certeza, seria a frase que Toninho Tornado, o “olheiro da quebrada”, mandaria para a maioria dos síndicos, proprietários de prédios e empresários de Taguatinga, se visse as condições em que se encontra a maioria dos imóveis no centro da cidade – sem falar das avenidas Comercial Sul e Norte, Hélio Prates e da Praça do D.I.
E, neste caso, não se pode culpar o governo. Desde 2017, o GDF já investiu mais de R$ 500 milhões para revitalizar o centro de Taguatinga. Em 2022, inaugurou o túnel Rei Pelé, e desde então vem fazendo a urbanização e paisagismo do Boulevard, revitalizando a Praça do Relógio e várias outras pequenas obras, como a recuperação de calçadas, meios-fios e asfalto.
Mas a iniciativa privada e até o governo federal há muito tempo não estão dando a mínima importância para a imagem de Taguatinga. O desleixo de síndicos, proprietários e empresários salta aos olhos de moradores, visitantes e de algumas autoridades, como o secretário de Governo, José Humberto Pires, ex-administrador da cidade.
Ele esteve em Taguatinga na terça-feira (19), representando o governador Ibaneis Rocha num evento com empresários no Hospital Santa Marta. “Essa é uma realidade. Tem muitos prédios precisando de reformas e de atualizar suas fachadas”, atestou.
O secretário afirma, porém, que tem observado que o investimento do governo vem servindo de incentivo para algumas empresas. “Já começaram a fazer reformas e estão modernizando seus prédios. Isso é muito bom para que a cidade volte a ter a pujança do passado”, destacou José Humberto.
Arquitetura, paisagismo e menos IPTU
O arquiteto José do Egito, idealizador do Taguaparque, conta que, recentemente, fez um projeto para recuperação de um prédio na C-6. “Fizemos a garagem subterrânea e todos os prédios vizinhos deram uma repaginada do tipo Open Mall. O GDF entrou com a infraestrutura e o paisagismo, e os empresários pagaram a segurança, a iluminação e a energia. O resultado foi muito bom”, avalia.
Egito lembrou que fez outro projeto para a empresária Natanhy Osório em um prédio dela em Taguatinga. “Estava muito feio, e, sem gastar muito, ela está mudando a fachada e deixando o imóvel bem bonito”.
O arquiteto sugere que o governo reduza o IPTU dos proprietários e empresas que fizerem reforma e repaginação de seus prédios e aumente a alíquota do tributo daqueles que deixarem seus imóveis abandonados. “Seria um incentivo para que as pessoas deixassem seus espaços bem cuidados”, argumenta.
Taguatinga By Night
O administrador regional, Bispo Renato Andrade, diz que o primeiro passo o GDF já está dando, investindo para deixar a cidade “linda como ela sempre foi”. Ele destacou que estão em curso tratativas para que os prédios públicos do governo federal sejam reformados pela União ou repassados para o Distrito Federal, que terá como investir e usar os imóveis hoje abandonados.
Bispo Renato aposta que,com a revitalização do centro de Taguatinga, o comércio diurno deve se recuperar e, em consequência, a vida noturna da cidade tende a ganhar um novo fôlego. “O GDF está dando condições para que o empresariado volte a investir na cidade”, afirma.
Segundo o administrador, Taguatinga tem 207 mil habitantes e 300 mil pessoas trabalham na nossa cidade. “Estamos dando condições para a criação de um novo parque na cidade, revitalizando o Parque do Cortado e melhorando a iluminação pública”, enumera.
Ele diz que existem propostas para atrair eventos para movimentar a noite de Taguatinga. “Mas, para isso, temos que contar com os empresários”, ponderou.
Comerciantes querem calçada
Mesmo reconhecendo que as obras do GDF, após a inauguração do túnel Rei Pelé, estão dando uma nova dinâmica ao centro da cidade, os comerciantes da quadra C-8 cobram a substituição da calçada.
A obra já foi concluída na parte da frente, na Avenida Central. Mas a expectativa é de que o trabalho seja também executado na lateral e do outro lado da rua, que fica em frente ao setor QSA.
“Há uma grande expectativa por esta revitalização. Parece que nós aqui sempre somos tratados com certa discriminação”, diz a empresária Edeonília Barros, dona de um armarinho.