Na semana do Dia Mundial da Água, o rio Melchior, que nasce em Taguatinga e é um dos principais afluentes do Descoberto, pede socorro. Já no leito do Descoberto, as águas do Melchior, contaminadas por esgoto e chorume, entre outros materiais, seguem seu curso para Goiás, onde são utilizadas na produção de alimentos que abastecem as populações do Distrito Federal e do estado vizinho.
O leito do rio se transformou, desde 1965, num escoadouro de esgoto de Taguatinga e, posteriormente, de Ceilândia e Samambaia. Hoje, rejeitos de Águas Claras e Vicente Pires também são encaminhados ao Melchior, que em breve passará a receber esgotos das quadras de 1 a 5 do Park Way e de Arniqueiras.
O Melchior nasce na Área de Relevante Interesse Ecológico JK, pela junção do ribeirão Taguatinga com os córregos do Valo e Guatumé. Ao longo dos 25 Km de seu percurso, que tem corredeiras e cachoeiras, recebe contribuições de pelo menos 15 pequenos afluentes e de inúmeras nascentes.
O Melchior, que divide as regiões administrativas de Ceilândia e Samambaia, chega ao Descoberto com uma vazão de 709 litros por segundo – aproximadamente a mesma quantidade d’água que a Caesb retira do Paranoá com uma estação criada durante a crise hídrica de 2017/18.
Mas essa riqueza é sabotada pela latrina em que ele foi transformado. Estudos apontam que nem toda água que sai da ETE Melchior é 100% tratada, sem contar os despejos clandestinos de esgoto e os acidentes, como o registrado em janeiro de 2019 pelo Serviço de Limpeza Urbana.
Na ocasião, o SLU apontou vazamento de chorume do Aterro Sanitário de Brasília (às margens da DF-080) por meio da rede de águas pluviais. Em janeiro de 2020, uma grande mancha de espuma foi flagrada no rio, próximo ao Aterro.
Caesb – A Caesb informa que o rio recebe os efluentes (esgotos tratados) de duas estações de tratamento de “elevada eficiência na remoção de matéria orgânica”. Entretanto, o sistema não é tão seguro. A empresa informa que, em fevereiro deste ano, o emissário que conduz os efluentes à ETE Melchior sofreu dois rompimentos. Reparado, voltou a se romper, em decorrência do volume excessivo de chuvas.
“A rede foi projetada para ter uma durabilidade de 30 anos. Porém, por conta do uso indevido da bacia, o esgoto apresenta alta concentração de terra e areia, material que provocou o desgaste prematuro da tubulação”, informa a Caesb.
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