Mateus Gianni Fonseca (*)
Mas um detalhe: não nos consultarmos e não nos cuidarmos não nos faz mais saudáveis que outros. Óbvio? Acho que sim, mas para alguns, acho que não.
Entre 2019 e 2020 o mundo viu surgir um cenário pandêmico. O Brasil seguia normalmente suas festas de fim de ano e seu carnaval enquanto demais países enfrentavam o alto número de ocorrências (contaminações e mortes).
Até que também chegou nossa hora. Curva assustadora de mortes e contaminações. Alto número. Falando em mortes, era como se diariamente condomínios inteiros desabassem. Os jornais pareciam até mesmo uma rica aula de matemática com tantas explicações de médias móveis, tendências, gráficos, etc.
E vale destacar que procedemos com baixa testagem.
Se chegamos a ter alto índice de contaminados com a baixa testagem que procedemos, podemos inferir que o número de contaminações foi ainda maior do que o anunciado. Não estávamos só ruins, ou melhor dizendo, com uma parcela alta da população de contaminados e outra parcela saudável. Estávamos com uma parcela alta da população de contaminados e outra parcela cujo estado de saúde era desconhecido.
E por que retomar este assunto?
Neste fim de ano, enquanto muitos países estavam empreendendo outras medidas de enfrentamento dadas as novas ondas a partir da variante do momento (Ômicron), o Brasil se encontrava com aeroportos lotados, com grandes eventos autorizados e aglomerações em toda esquina – um déjàvu – algo que já vimos há um ano. E que cuja “ressaca” está se apresentando agora novamente.
Parece que não aprendemos com a virada do ano de 2020 para 2021, tampouco com a fábula dos três porquinhos – e assim continuamos em um país com a casa de palha. Enquanto existem países que estão construindo suas casas de madeira (o que já é melhor do que nossa casa de palha) e outros que seguem construindo suas casas de alvenaria.
Estávamos em festa, enquanto os outros trabalhavam – estávamos apenas aguardando o infeliz sopro da pandemia surgir novamente. E sopro esse, que ainda pode ser mais forte, nos deixando novamente ao léu.
Não testar, testar pouco ou ignorar os números que as estatísticas nos oferecem não nos permite empreendermos festas de carnaval, não nos livra da pandemia.
Estamos caminhando rumo à vacinação, balanceando, mas de fato ainda tentando resolver esta equação. Sim, no gerúndio.
(*) Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília – IFB
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital