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Após longa batalha judicial, a pequena Sofia Gonçalves de Lacerda, de seis meses, que nasceu em Votorantim, interior de São Paulo, com uma doença rara, enfim embarcou rumo a Miami, nos Estados Unidos, onde será submetida a um transplante multivisceral do qual necessita para sobreviver.
A aeronave do tipo learjet, equipada com Unidade de Terapia Intensiva (UTI) decolou do aeroporto estadual de Sorocaba (SP) à 1h26 desta quarta-feira sob comoção e aplausos de familiares e amigos da família do bebê que acompanharam o embarque. Por volta das 3h, a aeronave fez a primeira escala para abastecimento, em Goiânia (GO), e outra está prevista para ser realizada no México. A previsão é que o voo dure 12 horas. A menina está acompanhada da mãe, Patrícia Lacerda da Silva, de uma médica e de uma enfermeira.
Pouco antes do embarque o pai de Sofia, Gilson Gonçalves da Silva, contou à reportagem do Terra que seguirá aos EUA nesta quarta-feira em voo comercial. “A prioridade era a Sofia. A aeronave tem pouco espaço, por isso não couberam nem as malas. Vou depois levando tudo”, disse. “É uma emoção muito grande. Todo mundo falava que era impossível, que não tinha como, principalmente provar que o Brasil não era capaz de realizar esse transplante. Mas a gente não desistiu da Sofia e fomos até o fim, e conseguimos”, comemorou.
Por força de determinação judicial, as despesas com o transporte e com o tratamento da menina foram custeadas pelo Ministério da Saúde. O valor de R$ 2.248.000 já foi transferido ao hospital Jackson Memorial Medical Center de Miami que confirmou o recebimento. O médico brasileiro Rodrigo Vianna, que é diretor de transplantes do hospital, ficará responsável pela cirurgia de Sofia e aguarda a chegada dela.
A estimativa é que a espera por um doador varie de uma semana a seis meses. Assim que chegar aos Estados Unidos, Sofia será incluída na fila de espera para o transplante multivisceral, que inclui a bexiga, o estômago e os intestinos grosso e delgado. A criança é portadora da síndrome de megabexiga micrólon e hipoperistaltismo intestinal (MMHIS), ou seja, uma má-formação no intestino também conhecida como Síndrome de Berdon. Os órgãos não são capazes de fazer os movimentos necessários para digestão e eliminação das fezes e da urina.
Inicialmente, a viagem estava prevista para acontecer na terça-feira, mas segundo o advogado que representa a família, Miguel Navarro, uma tempestade forte com possibilidade de furacão no estado da Flórida, onde fica a cidade de Miami, impossibilitou a autorização do voo por medidas de segurança. Uma nova previsão para a decolagem foi feita para as 18h de quarta-feira, mas devido a melhora na condição climática, o embarque de Sofia foi antecipado pela empresa de taxi aéreo.
“Nós demonstramos hoje que o nosso País tem meios, só precisamos saber administrar. Esse dinheiro que está sendo gasto hoje com a Sofia é um dinheiro justo, que é para ser gasto com nós mesmos. O imposto que nós pagamos têm que ser pra isso. Para segurança, para educação e principalmente para a saúde. Eu acho que se nós tivermos esses três pilares no nosso país, nós teremos um país de primeiro mundo”, avalia Navarro.
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Ainda bastante emocionado ele agradeceu a ajuda que a família recebeu e disse que o caso de Sofia abre precedentes para processos similares. “Isso cria, no nosso meio jurídico, o que chamamos de jurisprudência. O caso da Sofia, que é impar, vai poder ser usado para ajudar outras crianças que necessitam de ajuda, de tratamento no exterior”, comentou.
Paralelamente ao processo judicial a família criou uma página no Facebook para arrecadar donativos para a cirurgia, caso não fosse paga pela União. O montante recebido, mais de R$ 1 milhão, será utilizado para ajudar a custear o tratamento que deve durar dois anos. E é por meio da rede social que a mãe de Sofia já compartilha os detalhes da viagem. “Em cada pouso postarei uma fotinho dela”, publicou.