Antes de começar a ler esta notinha, perdoe-me por voltar a falar de Minas, como o fiz na semana passada. Acontece que as Gerais estão de novo na liderança, agora no quesito extravagância. Daí, me sinto obrigado a voltar às Montanhas.
Como já disse o Barão de Itararé, pouco conhecido como Apparício Fernando de Brinkerholf Torelly, há qualquer coisa no ar, além dos aviões de carreira.
O problema me aflige porque devo confessar minha ignorância: para mim, havia uma espécie de padrão ético para premiar matérias jornalísticas. Elas deveriam procurar a veracidade dos fatos, sua importância na vida da sociedade etc. e tal.
Pois me apareceu um prêmio, a ser outorgado (!) pelo governo de Minas, a quem ganhar a honrosa insígnia, ou galardão, por aí. Detalhe: só serão aceitos os que falarem das bondades e maravilhas do rico lítio no Vale do Jequitinhonha.
O golpe está na definição que os comunicadores do governo deram ao prêmio, já apelidado de Puxa-Saco: chama-se Riquezas do Vale, abordando seus efeitos transformadores. (Evite falar do lítio – uma dessas riquezas –, que será exportado.)
Ah, sim: como os chamados criadores de conteúdo e outros amadores do ramo já estão salivando com a perspectiva de ganhar a bufunfa, deve-se observar que haverá um grande número de interessados em colaborar com o engodo . É o lugar onde eles se dão melhor, com views e monetização.
Para quem ganhar o auspicioso galardão (?), encerro com a frase do nosso Barão de Itararé: “Todo homem que se vende recebe muito mais do que vale”.